Eu sou pastor, professor de teologia e filosofia, ou seja, faço tudo o que eu mais amo nessa vida, e mesmo assim, tem dia que eu quero sumir. Você provavelmente deve se sentir assim também: parece que todo o esforço é em vão, as pessoas não entendem ou valorizam nosso trabalho, nos questionamos se deveríamos estar fazendo isso mesmo e ficamos sonhando em trabalhos diferentes.

Essa parcela de frustração no trabalho é esperada. É fruto da queda. Mesmo que agora nosso trabalho seja cultivar as mais belas rosas, vamos ser feridos pelos espinhos uma hora ou outra. Depois do Éden, é o que temos para quem vive debaixo do sol.

Mas existe algo de específico no trabalho de líderes e pastores teólogos. Nós e nosso trabalho só existe por causa daquilo que mais nos frustra e desmotiva. A condição de existência de nosso labor teológico e pastoral é a ignorância e a dificuldade das pessoas em entender a Deus e crescer na relação com ele!

Veja que contrassenso maravilhoso: Se o povo de Deus não fosse lento no aprender e difícil de amadurecer na obediência a Deus, não seriam necessários pastores e mestres. Só que é exatamente essa lentidão e imaturidade que mais nos frustra e nos faz pensar em desistir. Mas se as ovelhas não precisassem aprender sobre a Bíblia, Deus não precisaria dar à igreja homens e mulheres aptos a ensinar.

Eu busco ver como Deus trata meu ego nessa ironia típica da vida em Igreja. Aquilo que eu mais amo fazer e que mais me gratifica enquanto ser humano tem uma condição de possibilidade incontornável.

Se eu amo ensinar, devo me agradar da companhia dos que precisam aprender. Essa é a lição do Mestre: os saudáveis não precisam de médicos, só os doentes. Se eu não conseguir aprender isso, não passo de fariseu hipócrita. Então, antes de desistir de ensinar e servir com teologia o povo de Deus, coloque-se de volta na cadeira de eterno aprendiz de Jesus.