Atenção! Este artigo contém spoilers da série Stranger Things.

No último fim-de-semana, terminei de ver com a minha namorada a série Stranger Things do Netflix e gostamos muito. Trata-se de um clássico daqueles de cinco estrelas que me fazem lembrar demais a minha infância. Hoje, 2 de agosto de 2016, completo 28 anos e é o primeiro aniversário em que me avalio de verdade, na tentativa de tirar algum saldo da vida. Porém, o extrato não é dos melhores.

Eu sempre sonhei – como nos clássicos da Sessão da Tarde – em ser um grande homem. Como diria John Eldredge na introdução de seu livro Coração Selvagem, sempre tive o sonho “de ser um herói, de vencer os maus garotos, de realizar feitos corajosos e resgatar a donzela em perigo”.

Ao olhar para os anos que se passaram, vejo que tive que abrir mão de muitos sonhos e engavetar outros, mas muitos têm se realizado. Porém, muitos deles foram transformados e ganharam novos significados. Coisas estranhas acontecem o tempo todo. O grande sonho de ser tornar um homem notável é e, pelo que tenho aprendido, sempre será o meu maior desafio porque não dá para ser o grande homem que eu sonho e, ao mesmo tempo, seguir o maior homem que já existiu, Jesus Cristo. Seu convite singelo e cheio de significado é para que eu me negue. Como alguém que deseja ser grande pode se negar? Que paradoxo!

Eleven, personagem vivida pela excelente atriz mirim Millie Bobby Brown

Outro nome que a série poderia ter, mas que falaria muito do seu conteúdo seria “Up Side Down” (De cabeça para baixo). E, curiosamente, quando Jesus se apresenta em nossas vidas, o nosso mundo vira de cabeça para baixo. Stranger Things se passa em uma pequena cidade fictícia chamada Hawkins, em 1983. Will Byers, um garoto de onze anos desaparece sem deixar rastros e a aventura se desenvolve em torno da família, amigos e um delegado (típico personagem que parece não ter valor algum) que a cada episódio é muito bem explorado. Todo o elenco é muito bom, composto por excelentes atores, com maior destaque para Winona Ryder que interpreta a mãe de Will. Então, coisas estranhas começam a acontecer e uma garota esquisita chamada Eleven (Onze) aparece e começa a apresentar poderes telecinéticos. Seu nome refere-se a um código, provavelmente por ela ser uma criança que foi raptada para testes científicos. A série não explora muito, mas aparentemente outros dez experimentos deram errado. As pessoas que cruzam com essa estranha garota têm a sua vida comprometida e alguns são assassinados.

A primeira temporada da série possui 8 excelentes episódios, mas o que chamou mais a minha atenção e me fez ficar pensando bastante foi o quinto: A pulga e o acrobata, que levanta a teoria sobre um mundo em que a realidade é paralela a que vivemos. O que muda é o espaço e não o tempo e esse entendimento ajuda-nos a ir ao encontro do garoto que desapareceu. Esse mundo, que é um reflexo do nosso, é ilustrado por um equilibrista que vive em uma linha do tempo e uma pulga que vive nessa mesma linha mas que consegue transitar em outra linha paralela, num mundo de realidade alternativa como fora dito antes. Podemos ter acesso a esse mundo invertido somente criando um portal que cruze essas duas realidades e, adivinha só quem abriu o portal, involuntariamente, em um de seus testes: Eleven. Esse portal traz para o mundo real um monstro que se alimenta de pessoas. Bizarro, né? E esse mundo paralelo (apresentado plenamente no último episódio) é sombrio. Toda essa teoria fez-me pensar, alegoricamente e viajando nas minhas ideias, nos mundos que criamos em nossas mentes e, mais, sobre aquilo que ocultamos das pessoas, aquelas coisas sombrias mascaradas em um mundo perfeito. Fez-me pensar, também, no maior homem que já pisou na terra, que precisou tornar-se tão pequeno como uma pulga, sair do seu mundo perfeito para transitar nesse mundo sombrio onde pessoas se alimentam de pessoas. Isso mesmo! Nós nos alimentamos uns dos outros, consumimos o próximo com a nossa inveja, raiva, palavras e ações. Jesus, então, entra em nossa escuridão para lançar luz em toda essa maldade, para dominar os nossos monstros, nos fazer novos e nos encher de poderes que primeiro transformam nossa mente e, através dessa mudança interna, lançamos luz a outras pessoas, levando o amor até elas.

Cena do 5º episódio: “A pulga e o acrobata”

No último episódio, como no desfecho da narrativa bíblica, há uma grande necessidade de um messias. Eleven diz adeus a seus novos amigos e entrega sua vida para destruir o monstro que estava levando as pessoas para a escuridão e a morte, assim como nosso Salvador. Porém, encerra-se cheio de mistérios e com muitas expectativas para a segunda temporada. Jesus fez-se pequeno como uma pulga para atingir o equilibrista – nós que ficamos desviando muitas vezes da graça e do amor de Deus, tentando nos equilibrarmos com o nosso jeito todo falho.

Pensando em minha vida, coisas estranhas têm acontecido. Muita escuridão tem sido trazida à superfície e sido exposta para que haja cura e transformação. A cada dia o desejo de se tornar um grande homem precisa morrer para que o Grande Homem, Jesus de Nazaré, cresça em minha vida. Sou grato a Deus por esses 28 anos de dificuldades, alegrias, lutas, derrotas, vitórias. Enfim, cheio de vida, ressignificado e abundância.

Não tenha medo quando os seus monstros aparecerem e forem expostos! Isso significa que o nosso Deus está trabalhando em sua vida. Está lhe dando atenção, que é uma das nossas maiores carências dificilmente supridas por outra pessoa. É a própria graça de Deus nos alcançando através do sacrifício, ou como diria Tiago, filho de Maria, irmão de Jesus: “Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma” Tiago 1.2-4.