Você resolve suas relações na base do punir ou presentear?

Nos manuais de ajuda para a criação de filhos, de socorro matrimonial e até mesmo na vida cotidiana na igreja, as opiniões se dividem quando o assunto é disciplina ou presentes. Existem aqueles que insistem em uma educação abençoadora que acredita que só é possível gerar laços interpessoais generosos, se formos generosos em nossos presentes.

Roel Kuiper, escrevendo sobre a produção de capital moral, questiona as premissas dessa abordagem:

“Será que a experiência de ser beneficiado com uma ‘porção maior de bens sociais’ é suficiente para também produzir a disposição de contribuir para um ‘maior compartilhamento de bens sociais’? Será que a experiência não é justamente a de que as pessoas querem manter para si mesmas aquilo que obtiveram?” (p. 257).

Outros enfatizam a disciplina e a punição acreditando que somente só formos prontos para corrigir os erros dos nossos filhos ou cônjuges conseguiremos gerar indivíduos moralmente responsáveis.

O fato é que nem as ênfases isoladas de ser punido ou abençoado — nem mesmo uma abordagem combinada delas — é suficiente para fazer surgir laços morais divinamente orientados. Isso acontece porque, apesar da benção e maldição serem elementos constituintes da relação de Deus com seu povo, existe algo anterior que as orientava: a aliança que Deus tinha, o pacto de sangue que Ele mesmo estabeleceu por amor a si mesmo e que sustenta por fidelidade ao seu nome.

O que gera virtudes nas relações interpessoais é o seu espelhamento na relação fundamental que a Trindade santa tem conosco. Sem aliança entre maridos e mulheres, entre mães e filhos ou amigos que amigos, pouco importa se vamos ser generosos nas bençãos ou severos nas punições. Você pode dar tudo ou privá-los de tudo. Não será nenhum dos dois que produzirá o capital moral necessário para as bençãos sejam recebidas e valorizadas, nem mesmo as responsabilizações sejam compreendidas e cumpram sua função.

É somente no interior das relações pactutais à semelhança que o Pai tem com o Filho, ou que o Filho tem com a Noiva, é que conseguiremos desfrutar bençãos e sermos libertos das maldições em cada relação nossa!