Conheci muitos líderes de igrejas e estudantes de teologia com a mesma síndrome de vira-lata: aquele provincianismo que só consegue valorizar a teologia produzida nos grandes centros urbanos. Trata-se do descrédito de toda a teologia que não é produzida na Europa ou nos Estados Unidos. Como se fosse impossível algo de bom vir do Brasil, da Ásia ou da África.

Entendam meu ponto: Não estou defendendo um bairrismo teológico. Sou o maior entusiasta do Calvinismo genebrino e Neocalvinismo holandês. Mas fui percebendo uma coisa com o passar do tempo enquanto estudava teologia: se levássemos a sério o chamado de Deus de alimentarmos sua igreja com doutrina bíblica saudável, não ficaríamos em nada atrás do que está acontecendo nos grandes centros.

Minha primeira experiência teológica foi em um instituto bíblico das Assembleias de Deus da minha cidade. Muito precário. Mas havia uma biblioteca e acesso à internet. Pronto! Eu estava conectado com o mundo. Anos depois, após ter feito seminário presbiteriano, graduação e mestrado em Filosofia, me vi participando dos grupos de estudo do Herman Bavinck Center na Universidade Livre de Amsterdã. Estava lá ouvindo e conversando com o atual professor que ocupa a cátedra que Kuyper e Bavinck ocuparam.

Quero compartilhar isso para tirar da sua cabeça, de uma vez por todas, que estamos em alguma condição inferior de aprendizado ou produção teológica. Não estamos! O acesso direto ao que está sendo publicado hoje, através das mídias digitais, não nos permite sustentar esse provincianismo teológico.

Se recebermos de Deus um chamado específico para sermos teólogos e teólogas da sua igreja, temos todas as condições de não só consumir do melhor que está sendo produzido, como também sermos protagonistas das páginas atuais da teologia no Brasil e no mundo.

Não esconda-se atrás da desculpa de que você não é americano, não lê alemão ou não estudou na Europa. Existem muitas pessoas ao seu redor que podem ser profundamente abençoadas com seu serviço teológico. Dedique-se a essa tarefa, não apenas como quem estuda teologia na Europa, mas como quem serve a Igreja de Cristo diante de Deus!