Hominhos de plástico

Meu avô dizia que quando ele era criança nem tinha tempo para brincar pois aprendeu a trabalhar desde cedo. Meu pai, apesar de começar cedo também, diz que não dispensava um bom brinquedinho feito à mão. No meu tempo de infância as coisas já eram mais evoluídas. A gente não precisava fazer nossos brinquedos. Longe de termos ao alcance dos bolsos de nossos pais a alta tecnologia disponível hoje em dia, mas a gente não podia reclamar. Dava pra comprar aqueles pacotes de “hominhos de plástico” e fazer a festa com a imaginação.

Sempre gostei de brincar com os tais “hominhos”. A maioria deles carregava armas e tinha uma base de plástico embaixo dos pés para poder parar em guarda. No auge do ataque inimigo alguém sempre dava a famosa ordem: “Largue a arma!”, mas largar como se a arma e o homenzinho eram uma peça só? Tinha também aqueles que eram feitos só para montar nos cavalos. Os coitados eram legados à desgraça. Quando a molecada os desmontava, viravam motivo de piadas cruéis. De pernas arqueadas, só ficavam em pé quando encostados em algum lugar ou quando a gente os enterrava na areia.

Quando lembrei desses soldadinhos imediatamente me veio à mente uma triste realidade. Tem muito crente andando de perna arqueada por aí porque não consegue entender que não está mais “montado no cavalo”. O tempo passou, a tecnologia evoluiu, e nada de se adequar à realidade. Charles R. Swindoll nos conta em seu livro Como Viver Acima da Mediocridade um caso que seria hilário se não fosse verdade:

Um de meus professores no seminário contou-nos sobre o dia em que pela primeira vez utilizou-se giz, numa palestra na igreja dele, há muitos anos. Muitos crentes franziram a testa e murmuraram: “Usam isso no mundo secular, não? Não adotamos giz nas palestras da igreja. Na próxima vez, saiba você, alguém vai usar um flanelógrafo.”

Precisamos resguardar-nos da tentação de envolver o cristianismo do início do século vinte e um nas roupagens de 1960! Se não exercermos vigilância, ficaremos tão comprometidos “ao jeito como éramos” que tiraremos o foco das coisas realmente importantes, e deixaremos esta geração no pó.

Bons tempos aqueles… grande progresso! Como Deus operou grandes coisas! Certo. E hoje? As pessoas precisam saber como é que Jesus trata das questões de hoje, no mundo de hoje.

As organizações não mudam; as pessoas mudam. Os templos não são flexíveis; as pessoas são. Não há flexibilidade em paredes e madeiras. Nenhuma flexibilidade nas pedras, nas estruturas. A flexibilidade está em nós. Se temos alguma esperança de voar alto, precisamos dar um jeito na rigidez. Você não precisa mais andar com as pernas arqueadas!