Às vezes me pego pensando sobre a vida sobrecarregada de alguns homens da igreja, e sempre chego à conclusão de que não desejo isso para mim. Todas as semanas, revisito essa ideia, lembrando-me de pregadores, pastores e escritores que desempenham papéis cruciais no corpo de Cristo.
Um pregador em particular vem à mente, já idoso, que viaja incansavelmente pelo Brasil afora, atendendo a convites de igrejas e ministrando em diversas circunstâncias. Sempre pondero sobre como não gostaria que minha vida fosse assim. Penso nas esposas que ficam sozinhas, nos filhos privados da presença do pai, e na própria igreja local tendo que lidar com um ministério tão exigente.
No entanto, ontem, percebi uma certa contradição em minha aversão ao seu estilo de vida. Isso porque fui grandemente abençoado, assim como muitas outras pessoas, pela vida e ministério desses homens. Até que ponto meu apreço pela família, igreja local e ministério foi moldado ouvindo seus sermões?
É inegável que existem vocações distintas, algumas verdadeiramente difíceis e desafiadoras. Poucas mulheres suportariam estar na pele dessas esposas, poucos filhos entenderiam essas ausências, e poucas igrejas aguentariam esses ministérios. Isso é um fato, não é saudável para muitos. No entanto, existem vocações singulares que não devem ser valorizadas com base em minhas preferências pessoais ou no meu momento de vida (com filhos e sem possibilidade de viajar e pregar em tantos lugares). Eu deveria ser o juiz para condená-los?
Uma vocação desafiadora deve ser julgada por sua fidelidade àquele que a chamou. Se todo esforço está sendo feito com um coração puro, nas circunstâncias adequadas e de acordo com os preceitos bíblicos, então devemos admirar essa vida. Isso é o que traz respeito a esses homens e seus ministérios. Precisamos entendê-los e valorizá-los com base nesses critérios, não fazendo comparações com o que consideramos melhor para nós.
Vocações são, por natureza, incômodas e, às vezes, assustadoras. Somente aqueles que as receberam compreendem a beleza e a dor de permanecerem fiéis ao Único digno de nossa preocupação pessoal.
