Um amor para a vida toda

Um amor para a vida toda

Quem já não se divertiu com as trapalhadas de Cabeção, personagem de Sérgio Hondjakoff, na série Malhação da TV Globo? O jovem quer “arrumar uma namorada” de qualquer jeito e nessa busca se envolve em engraçadas confusões. Mas o que Cabeção quer não é um amor para vida toda e sim alguém que possa, a curto prazo, satisfazer suas necessidades emocionais e, principalmente, físicas. E Cabeção não é a única personagem que apresenta problemas em seus relacionamentos românticos, a trama retrata os “rolos” de vários jovens que entram e saem de relacionamentos com a mesma facilidade com que trocam de roupas.

Se é verdade que a vida imita a arte, não sei, mas posso afirmar que a semelhança das personagens da Malhação, a transitoriedade nos relacionamentos é uma característica que vem se acentuando, na sociedade, em geral, e particularmente dentro das igrejas.

A maneira de Deus ou de Cabeção?

A sociedade soletra a palavra romance da seguinte forma: D-I-V-E-R-S-Ã-O. Já Deus, como: C-O-M-P-R-O-M-I-S-S-O.

A maioria dos jovens e adolescentes pensa em se divertir, relacionando-se romanticamente e um dia “bem lá na frente”, encontrar sua “metade”, apaixonar-se e viver feliz para sempre. Acontece que as coisas não funcionam exatamente assim, os relacionamentos geram dependência emocional. Uma garota definiu essa situação da seguinte forma:

“Aos quinze anos eu já havia namorado e terminado várias vezes. Meu coração estava em pedaços. Era como se eu tivesse casado e me divorciado inúmeras vezes.” Ao nos relacionarmos com outros hoje, adquirimos padrões que levaremos conosco para o casamento. É por isso que devemos aprender a praticar o amor baseado no compromisso. A fidelidade conjugal não começa apenas no casamento. No livro de Cantares lemos a figura de um jardim para descrever a noiva que soube se guardar até o casamento:

“Jardim fechado és tu, minha irmã, noiva minha, manancial recluso, fonte selada” Ct 4.12. Mais tarde, o texto descreve como sendo um muro, resistente às seduções, em contraste com uma porta que deixa qualquer um entrar (Ct 8. 8-10), ou seja, ela reservou-se exclusivamente para seu marido (tanto física quanto emocionalmente), mesmo antes de conhece-lo.

O namoro como nossa geração tem praticado não nos dá base para o casamento, parece mais um campo de preparo para o divorcio. Não podemos praticar um compromisso por toda a vida em uma serie de relacionamentos de curta duração.

É claro que você não é obrigado a se casar com a primeira pessoa com quem achar romance e intimidade. Embora conheçamos pessoas que se casaram com a primeira pessoa com quem desenvolveram um relacionamento, é provável que, muitos de nós, não sigamos o mesmo caminho. Mas isso não é desculpa para fazer do relacionamento romântico um fim em si mesmo, ou seja, o romance pelo romance. Isso é irresponsabilidade e egoísmo. Se você não está pronto para considerar o casamento ou não está verdadeiramente interessado em se casar com determinada pessoa, por que encorajá-la a depender de você ou pedi-la para suprir suas necessidades? “Não acordeis, nem desperteis o amor até que este o queira” Ct 2.16.

Três vezes em momentos de intensa paixão entre a noiva e o noivo, ela aconselha suas amigas sobre a natureza do amor verdadeiro. (Ct 2: 7; 3.5; 8.4).

O verdadeiro amor sabe esperar, e por isso, pode desfrutar ao maximo das alegrias que Deus sonhou para o casal. O amor verdadeiro não é precipitado, precoce, adiantado ou impaciente. Não precisa manipular situações para “ganhar” o amor. Não precisa baixar seus padrões morais com medo de perder o outro.

Por que muitos se precipitam? São varias as razoes, a pressão da “turma”, pode ser uma delas. Mas creio que a principal é a falta de confiança no amor e nos propósitos de Deus.

Depois de aceitar Jesus como salvador, a escolha mais importante que você fará será a pessoa com quem irá se casar. É muito fácil visualizar Deus nos orientando quanto à vida profissional ou ministerial, mas não é tão fácil imaginá-lo escolhendo nosso cônjuge. Alguns acham que Deus não sabe do que gostamos e que nos arrumará um cônjuge muito espiritual, mas que iremos detestar. Outros acham que Ele está ocupado demais resolvendo os conflitos entre árabes e palestinos para se preocupar com uma coisa tão “insignificante” assim. Mas a verdade é que Ele se preocupa mais com isso do que nós mesmos. Seus planos não se frustram, Ele nos conhece melhor do que nós mesmos e não quer nos ver infelizes.

“Pois eu bem sei os planos que estou projetando para vós, diz o Senhor, planos de paz e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança.” Jr 29.11

A direção da pureza

Certa vez Agostinho orou: “Faz-me casto…mas ainda não.” Como ele, nós temos uma consciência que nos acusa, mas uma vida que não revela mudanças.

A verdadeira pureza, no entanto, é uma direção, uma busca persistente e determinada pela retidão. Esta direção começa no coração e é expressa por um estilo de vida que foge das oportunidades de comprometer nossos valores.
A impureza não é algo em que se entra de repente. Ela começa quando tiramos o foco de Deus. Foi isso que aconteceu com Davi, em pouco tempo ele caiu da condição de “homem segundo o coração de Deus” para adultero e assassino. E tudo começou porque ele não estava onde deveria estar. Em vez de ir para o campo de batalha comandar seu exercito, preferiu ficar em casa. Seu segundo passo foi observar uma mulher se banhando e agasalhar pensamentos e fantasias em relação a ela. Por fim, sucumbiu a seus desejos e mandou buscá-la. O inocente pastor de ovelhas era agora um adultero. Como percebemos na história de Davi, o pecado começa na nossa mente e coração.

“Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração.” Mt 5.28

A verdadeira pureza implica em decisão e atitude. É um processo continuo que envolve a parceria de nossos corações e nossos pés. A verdadeira pureza foge o mais rápido e o mais longe possível do pecado e do comprometimento dos seus valores. Devemos nos lembrar que não impressionamos a Deus quando brincamos com o pecado, tentando mostrar-Lhe até onde podemos resistir. Nós o impressionamos quando em obediência a Ele fugimos de “toda aparência do mal”.

A moda agora é…

Recentemente pedi que meus alunos, que têm entre três e cinco anos, me ensinassem uma musica. Eles concordaram e minutos depois cantara:

“Beijo na boca é coisa do passado
A moda agóia (agora) é namoiá (namorar)…”

Você já deve ter ouvido esta musica, que os pequenos, que mal sabem falar, já decoraram. Ela retrata a concepção que a sociedade tem de namoro, ou seja, igualam-no ao sexo.

Muitos não cristãos vêem o sexo como uma função corporal, tão satisfatória e comum quanto um espirro.
Já Deus diz: “Honre o casamento, e guarde a santidade da intimidade sexual entre o marido e a esposa” Hb 13.4 (versão norte americana THE MESSAGE).

Deus projetou nossa sexualidade como uma expressão fisica da unidade do casamento. Ele a guarda cuidadosamente e coloca muitas condições, pois a considera preciosa. Um homem e uma mulher que comprometem suas vidas um ao outro no casamento ganham o direito de expressarem-se sexualmente. Mas se você não está casado com alguém, não tem direito sobre o corpo daquela pessoa, nenhum direito à intimidade sexual.

A honra em relação a santidade da sexualidade entre marido e mulher começa enquanto ainda estamos solteiros, não só depois do casamento. Isso inclui não só a pureza sexual mas também o cuidado com expressões menores de intimidade física (beijos, abraços, carícias).

Se, como cristãos, estamos comprometidos com a pureza, devemos estabelecer padrões muito altos. Como mencionamos, a pureza não é expressa somente por uma decisão, mas por atitudes que não comprometam nossos valores. Muitos namorados decidem pela pureza sexual, mas se colocam em situações que se opõe a sua decisão.

Talvez você acredite que restringir as expressões de intimidade física no seu relacionamento romântico o tornará enfadonho. Entretanto, quando você tira os olhos do aspecto físico pode desenvolver outras áreas de seu relacionamento (espiritual, emocional, social e intelectual). Afinal, não é porque lábios se encontraram que corações se uniram. O relacionamento físico não é igual ao amor. Concentrar-se no físico é perigoso. Deus exige pureza sexual. E Ele faz isso para o nosso próprio bem. Envolvimento físico pode distorcer a perspectiva de cada um dos namorados e levá-los a decisões erradas. Deus sabe que levaremos as memórias de nosso envolvimento físico do passado para o casamento. Ele não quer que vivamos com culpa ou remorso.

Faça de seu romance um solo para plantar as sementes de um relacionamento que vai durar a vida toda. Pratique a bondade, paciência, a humildade, a cortesia, a gentileza, a mansidão, o perdão. Aprenda a colocar as necessidades da pessoa com quem está se relacionando acima das suas. Saiba alegrar-se com as conquistas e sucessos do outro. Acima de tudo, cultive um relacionamento que possa resistir às pressões e provações. Em outras palavras, COMPROMETA-SE, da mesma forma que Deus se compromete conosco. “Tudo sofre tudo crê, tudo espera e tudo suporta” 1 Co 13.7.

Concluindo.

Creio que Deus está levantando uma geração d jovens comprometidos com Seu reino e vontade. Jovens que O amam e se agradam Dele. Desta forma, não podemos amar como Deus ama e namorar como o mundo namora. Precisamos parar de tentar adaptar as diretrizes de Deus ao estilo de vida que a sociedade nos impõe e permitir que Seus valores e atitudes remodelem nosso viver.

“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Rm 12.2.