O escurinho do cinema

Os adolescentes se encontram no cinema. Idéia de um adolescente cristão que convidou a turma para uma matinê. Como são cristãos, o “santo encontro” parece não ter nada de mais, apenas comem pipoca e tomam coca-cola. Que mal há nisso? Depende. Ao assistir um filme, devemos fazê-lo com discernimento e sabedoria espiritual.

As imagens reluzem, apresentando dezenas de figuras em movimento por segundo, nos envolvendo, numa seqüência hipnótica, que nos faz viajar na fantasia. Essa é uma viagem perigosa, pois sem perceber, estaremos torcendo para que uma jovem conquiste um homem casado, só porque a verdadeira esposa é a vilã da história. Isso é contra os princípios cristãos. Torcemos para que um mate o outro, e nos sentimos vingados quando aquele consegue.

Qual é o filme? Qual o objetivo real de estarem ali? Muitos adolescentes diriam: Oras, estão ali para se divertirem vendo um filme legal! Mas nem sempre é esse o objetivo. O cristão deve ter em mente o mesmo propósito de Davi, que disse: “Não porei coisa ruim diante dos meus olhos… Longe de mim o coração perverso; não quero conhecer o mal.” (Salmo 101:3-4).

Alguns dizem na porta do cinema, ao saírem: “Que filme estava passando mesmo?”, outro pergunta: “Você não assistiu?”. A resposta é: “Eu estava `ficando` com uma mina, por isso não vi nada!!” O problema nem sempre está no cinema em si, mas na intenção impura ao escolhermos esse entretenimento.

Podemos avaliar o ambiente pelas suas características marcantes. A escuridão proposital sugere que ninguém está me vendo. Além disso, é fácil verificar que o público presente está dividido em pares. Há um ambiente de romantismo no ar, aliás, o local é propício para “ficar” à vontade. O tipo de filme escolhido também influencia diretamente no comportamento desses casais. Por exemplo, numa cena de medo, um aperta a mão do outro, ou deita no ombro; numa cena romântica, eles se entreolham, e possivelmente são levados a se acariciarem mutuamente; numa cena de sexo, ou que insinue tal prática, e que são tão comuns na telona, suas mentes serão seduzidas a pensar naquilo como um ato normal entre casais apaixonados, sejam eles casados ou não. Perceberam o perigo?

Assim, por causa desses pequenos detalhes, uma diversão inocente traz os seus perigos. É possível que o telespectador tenha maturidade espiritual para manter a sua mente fixada nos valores cristãos, mesmo num ambiente sedutor, mas muitos adolescentes gostam de “ficar” no cinema, pois há uma mistura de privacidade e oportunidade que são ingredientes perigosos para uma vida cristã saudável.

Então ir ao cinema é pecado? Não creio que seja. Mas você convidaria o seu líder espiritual para assistir o filme com você? Se a resposta for sim, parabéns, você pode freqüentar o cinema sem problemas. Mas existem outras questões: Por que será que, ao invés de convidar um amigo do mesmo sexo, você prefere ir ao cinema com uma pessoa do sexo oposto? Seria a química do escurinho romântico? Você entra com uma boa intenção, mas como resistir se os casais ao seu redor estão no maior “love”?

Estou deixando de exercer alguma tarefa espiritual para passar esse tempo no cinema? Faltar à reunião de Domingo para ir ao cinema é uma troca inaceitável!!! Mais uma pergunta: Estou dentro da faixa etária permitida? E mais outra: Serei tentado ao assistir esse filme? E outra: Posso aprender alguma coisa para a vida real?

Vale lembrar que todas as informações que recebemos, sejam elas visuais (o cinema), orais (as conversas), ou experimentais (a experiência), devem trazer crescimento para a nossa vida. Tal crescimento pode ser de ordem intelectual, moral, emocional e espiritual. Sem dúvida, mesmo no momento de lazer, devemos buscar tal amadurecimento. E com isso em mente, não seremos facilmente seduzidos pela filosofia holywoodiana, mas, pelo contrário, estaremos imbuídos do espírito cristão e que “o próprio Deus da paz, vos santifique em tudo. Que todo o espírito, alma e corpo, sejam preservados irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Ts 5:23). Caro adolescente, se gosta de cinema, sugiro que, na próxima vez, encha o seu coração de temor, e mantenha a sua boca e suas mãos ocupadas… com pipoca!