Estou em casa!

“Estou em casa!”- foi o que pensei quando coloquei meus pés na rodoviária de Itajaí, Santa Catarina.

Já faz algum tempo que saí do litoral de Santa Catarina para o frio da capital paranaense. Entretanto, por mais que o tempo passe, aquela cidade continua sendo minha casa. Sinto saudades dos amigos queridos que lá deixei. Sinto saudades do clima. Da igreja, que apesar de ter um novo pastor, continua sendo “a minha igreja”. Enfim, aquele é meu lar.

Durante o ano, por vezes me pego aguardando as tão sonhadas férias para poder estar lá. E quando o inverno chega, trazendo aquele friozinho detestável, aqueço-me com a idéia de que no verão estarei em Itajaí, curtindo o sol e as mais belas praias do litoral catarinense.

As saudades de casa me fazem lembrar de um outro lar: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar.” Jo 14.2.

Da mesma forma que a idéia de passar alguns dias do verão me dá “forças” para agüentar o inverno, a perspectiva do meu Lar Eterno me ajuda a enfrentar as tempestades da vida.

Saber que estou neste mundo, apesar de não pertencer a ele, me ajuda a manter os olhos no que é eterno e não dar tanto valor aquilo que “ a traça e a ferrugem” consomem (Mt 6.19).

Certa vez um garotinho estava fazendo uma viagem de trem. O homem que estava sentando em frente ao menino o observava atentamente. O garoto parecia ignorar a presença do homem. Ele admirava a paisagem e, mesmo quando não havia nada de belo a ser contemplado, mantinha-se atento e curioso.

Fazia muito calor, o garotinho, por vezes enxugava o suor e mantinha os olhos fixos. De repente o homem indagou:
– Filho, você não está cansado?
– Estou sim – respondeu o pequeno com aquele largo sorriso que só as crianças têm
– Com sede?
– Oh! Muita sede mesmo!
– Não sente calor?
– E como… – respondeu passando a mão na testa.
– Mas parece que não… Durante todo este tempo você observa tão atento à paisagem. Não reclamou nem sequer por um momento…
– Ah! – sorriu o garoto – É que estou muito feliz. Estou cansado, com sede, com fome e com calor. Mas estou feliz, porque quando chegar na estação final meu pai estará me esperando.

Nossa jornada nem sempre é fácil. Enfrentamos as pressões diárias. Somos cobrados. As pessoas que mais amamos nos magoam. Por vezes nos desapontamos. Entretanto, não precisamos desanimar, nem reclamar. Podemos olhar para todas as dificuldades dessa “viagem” com mesmo olhar alegre do garotinho, se tão somente tivermos em mente o fato de que o nosso Pai nos aguarda na estação final.

Um dia chegaremos lá. Os portões se abrirão e entraremos alegremente. Então veremos nosso Pai… Ele nos abraçará e dirá: “Bem vindo! Estava esperando por você!”