Eu sou “o cara”!

É bem provável que ele era o primeiro a chegar no Domingo de manhã, arrumar os emblemas sobre a mesa para a realização da Ceia do Senhor, ele mesmo citava os hinos e os cantava com grande rompante, ele ministrava na hora da Ceia, distribuía os emblemas, dirigia a escola Dominical, dava os anúncios, era o professor, o pregador de Domingo a noite, queria ensinar as irmãs como trabalhar com crianças, e ao zelador dar dicas precisas sobre a limpeza do templo. Ele agia como se fosse o único membro capaz de sua igreja, ele verdadeiramente se sentia “O CARA”.

João diagnosticou um paciente acometido pela síndrome do “CARA”, em sua terceira carta. Vamos listar alguns destes sintomas encontrados na vida de Diótrefes.

  1. ANSIEDADE pelo poder – “mas Diótrefes que gosta de exercer a primazia”. Diótrefes se tornara um personagem quase Cômico dentro daquela igreja. Ele não tinha sido reconhecido por sua igreja para ser um pastor, ou diácono, ou mestre, mas se auto-reconheceu como sendo a autoridade máxima. Quando João diz que ele gostava de exercer a primazia, quer dizer que delegar responsabilidades é algo que não existia em seu vocabulário. Provavelmente Diótrefes só aparecia na reunião quando algum líder renomado de Jerusalém, ou algum apóstolo vinha visitar a igreja, então, Diótrefes colocava o seu melhor terno pegava a sua maior Bíblia e chegava com ares de estrela, cumprimentando a todos, levantava-se na hora dos avisos para lembrar que a igreja precisava dar assistência àquela família pobre, dando incentivos missionários para igreja, tomando parte nas reuniões mais importantes e exercendo os cargos mais chamativos. Tudo isso para deixar uma boa impressão, para que por onde aqueles líderes viajassem, dissessem: “Existe um irmão muito espiritual na igreja de Gaio, é o Diótrefes. Vocês já o convidaram para pregar aqui”? Sua maior preocupação era adquirir status e possuir poder.
  2. MEDO da concorrência – “…não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja”. Quando alguém começava a se despontar como um grande pregador, ensinador, ou começava a revelar grandes qualidades de um bom líder, enquanto Gaio enxergava um companheiro em potencial, Diótrefes via um arquiinimigo. Ele procurava colher informações sobre a origem daquela pessoa, saber se aquele crente recém chegado teve algum problema na igreja que reunia anteriormente, e quando os irmãos se reuniam para reconhecer o trabalho de alguém, Diótrefes tinha sempre boas cartas na manga, e com seu tom de amor, revestido de falsidade e inveja, ele dizia: Olha irmãos, acho que não é um bom momento, esse irmão é novo demais, eu estive conversando com o líder da igreja onde ele reunia e a 13 anos atrás esse irmão teve que ser advertido pela igreja pela conta atrasada do mercado, a 10 anos atrás ele teve uma discussão com a esposa que foi ouvida pelos vizinhos.

    Assim por diante, Diótrefes usava a mesma tática dos advogados para incriminar um réu chamada de “Assassínio de Caráter”. O que ele sentia não era Zelo, não era prudência, mas sim, o medo de que alguém pudesse ministrar melhor que ele, ou ocupar um cargo cobiçado por ele.

  3. PERDA DE PALADAR – “Proferindo contra nós palavras maliciosas”. O próximo problema de Diótrefes está na língua. Diótrefes criou em si um senso crítico tão aguçado e cruel, que ele conseguia encontrar defeitos, e difamar até o único discípulo que se recostava no seio de Jesus. João serviu de companhia para Jesus nas horas mais marcantes de sua vida, como no Getsemani no monte das tranfisgurações, mas Diótrefes achava João uma pessoa intragável, a ponto de sua indigestão se transformar em um vômito de palavras maliciosas. Todas as vezes que alguns irmãos estavam conversando e elogiando a vida de algum servo de Deus exemplar, as expressões “mas”, ou “pena que…”, ficavam por conta de Diótrefes: “É, aquele irmão tem uma vida santificada pena que. Aquele irmão ensina muito bem, mas”. Nunca existiu alguém perfeito para Diótrefes, exceto ele mesmo, é claro. As suas opiniões eram sempre as melhores, as suas mensagens eram sempre as mais poderosas, os seus trabalhos eram os mais importantes.
  4. DISTURBIOS NO SISTEMA NERVOSO – “…Não os recebe, pelo contrário, os expulsa da igreja”. Diótrefes se tornou o carrasco daquela igreja, a principal causa do fracasso de muitos crentes. Imagino que quando Gaio saía visitando os lares daqueles crentes que estavam se afastando da igreja, as frases sempre começavam com as seguintes expressões: “O Diótrefes disse, ou ainda, “o Diótrefes fez”. Ele se tornou a primeira grande prova que um novo convertido haveria de enfrentar ao se converter: “Você não pode mais usar isso, você tem que usar isso, só volte aqui depois que você abandonar isto”. Era tanta pressão que se tornava impossível agüentar. Diótrefes se tornou o IMETRO daquela igreja, mas ninguém conseguia ser aprovado e receber o selo de excelência em qualidade.

Irmãos, não quero que diagnostiquemos as vidas alheias neste momento, não quero que você diga no fundo do seu coração: “poxa, o irmão fulano sofre da sindrome do CARA, ou ainda, Vou mandar este estudo pro fulano porque ele precisa ler isto”. Olhe para a sua própria vida, e veja se você não tem sido afetado por alguns dos sintomas desta terrível síndrome.

O que é que move meu coração quando sirvo a Deus? Talvez o meu desejo é que o meu nome seja lembrado como alguém importante ou ocupar o “maior” cargo da igreja, talvez o meu desejo é fazer uma média pra ver se o meu nome aparece na capa da revista times entre os 10 maiores pregadores do mundo.

Qual o meu sentimento e reação quando alguém se destaca fazendo o serviço melhor do que eu faço? Quando aquela jovem começou a cantar melhor do que você canta e ser elogiada por isso, quando aquele jovem começou a pregar melhor do que você prega e as igrejas começaram a convidá-lo mais do que a você, quando você foi substituído como professora de crianças por aquela outra irmã que as crianças parecem amar mais. Lá no fundo do seu coração você ficou feliz pelo avanço na obra de Deus, ou sentiu as dores do ciúme?

Como você se relaciona com as pessoas? Você é do tipo que sempre encontra e aponta os defeitos de alguém, ou se focaliza nas virtudes e as exalta? Qual foi a última vez que você elogiou alguém sem usar no fim da frase as expressões “mas” ou, “pena que”.

Será que não existe ninguém por aí se queixando de você, dizendo que você foi muito rude ou exigente, ou que suas criticas o levou ao desânimo?

Devemos observar nossas vidas e entendermos que se é servo não é grande, e se é grande não é servo. Lutemos para que satanás nunca nos iluda fazendo-nos expressar: “eu sou o CARA”. Vacine a sua vida com porções diárias da palavra de Deus, algumas doses da humildade de Cristo, e injeções do seu Senhorio, e assim você estará preparado contra a Síndrome do CARA.