Manobras radicais

Para escrever este artigo, percorri a “área”, como se eu fosse um psicólogo querendo mapear o comportamento teen. Minha primeira parada foi numa rampa de skate. “Nossa, mano veio, totalmente radical!” Exclamava um deles. Se for pra andar de skate normal, não compensa. O irado é fazer um “flip flap 360 com mortal escarpado aéreo”. Boiei. Essa manobra provavelmente não exista, inventei esse nome, porque não anotei exatamente o que eles falavam, mas era mais ou menos assim.

Segunda parada, piscina do clube. Foi fácil perceber a presença dos adolescentes, pois eram aqueles que não se contentavam em nadar normalmente. Subiam no trampolim, davam saltos mortais de costas, de frente, de lado; plantavam bananeira na água. Duas meninas foram advertidas pelo salva-vidas por estarem fazendo brincadeiras perigosas à beira da piscina. Pensei: isso é radical.

A terceira parada foi casual. Observei um adolescente andando de bicicleta nas ruas de Piracicaba: cavalo-de-pau, freadas brutais, empinadas fantásticas!!! Agem como verdadeiros equilibristas de circo, ora só com a roda de trás, ora só com a da frente. Quando pensei que já tinha visto tudo, deparei-me com um deles pedalando numa bicicleta exótica de dois metros de altura. Uau!!! Massa!!! Dez!!!, exclamaram os adolescentes no meu carro, que por ironia do destino eram meus filhos.

Observei ainda um adolescente no videogame. O jogo consistia em um soldado supertreinado que devia resgatar seus amigos, os quais estavam prisioneiros num quartel inimigo. Ouvi quando o adolescente exclamou: “Preciso roubar um carro! Tô com preguiça de ir correndo a pé”. Arregalei os olhos, mas me acalmei imediatamente vendo que os olhos dele estavam mais arregalados do que os meus. Radical, pensei.

Fase de ouro! Nessa idade eles querem testar todos os limites, e a competitividade entre o grupo ou as tribos é tremenda, ninguém quer ser fraco. Todos querem mostrar que não têm medo de nada, e que a sua própria vida é uma manobra radical. Motos, videogames, desafiar as autoridades, quebrar regras, passar de fase, é o assunto preferido dessa galera.

Tenho que reconhecer que essa turminha está de parabéns pela saúde, pela criatividade e pela alegria que demonstram no dia-a-dia. Mas cabe um conselho espiritual, a fim de equilibrar todo esse desejo de radicalizar com uma vida espiritual saudável. Afinal, que há de mais em manobras radicais? Muitas vezes fazer uma manobra radical significa brincar com o perigo. E na vida espiritual, na família, e no cotidiano real isso não deve acontecer.

Daniel resolveu firmemente não se contaminar (Daniel 1:8). Comer o que era proibido parecia radical, mas ele tinha um compromisso com Deus, e não poderia brincar com o pecado. Jó era homem que se desviava do mal (Jó 2:3). Tais exemplos nos ensinam que não se pode passar muito perto do abismo sem ser seduzido. Aproximar-se do erro só para sentir a sensação de uma aventura é uma jogada muitíssimo perigosa, e isso tem tirado muitos adolescentes da presença do Senhor. Por exemplo, um namoro de brincadeira, uma voltinha com os amigos drogados, um corujão, um golinho à toa, podem estragar uma vida promissora.

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Caro adolescente, você pode fazer uma manobra radical para fugir das armadilhas do Diabo, pode fazer uma emocionante e desafiadora escalada na montanha da fé, pode fazer tirolesa espiritual, firmado no cabo-de-aço da vida de oração, e experimentar a verdadeira emoção de viver intensamente para Cristo! Além de tudo isso, se preferir, pode praticar esportes radicais, desde que não se esqueça de testemunhar para os seus amigos que você ama a Cristo e Ele faz a grande diferença em sua vida! E que Deus te abençoe!