A conversão do Chiclete

Chiclete é daqueles adolescentes que marca com sua presença. É alegre, às vezes medroso, esperto, gosta de tocar violão e sonha em ganhar uma guitarra. Entrou para o time de vôlei da escola só pra ver se atraía a atenção de algumas garotas, mas não deu certo, ninguém ligou. Os colegas gostavam, de chamá-lo de BV, que quer dizer “Boca Virgem”, e zoavam com ele por nunca ter beijado ninguém. Pretendemos em cada episódio fazer você torcer por ele, aconselhá-lo, rir com ele e dele, e aprender com seus erros e acertos.

Sábado de manhã foi um dia muito normal para Chiclete. Ele acordou, foi em direção ao espelho do banheiro, e depois de cuidar da higiene, e pentear o cabelo, deu uns beijos no espelho, que se alguém visse, acharia que tinha ficado doido, depois, deu uma risada, três tapinhas no rosto e declarou admirado: “Cê é bonito heim Cláudio Augusto? Vai com tudo gatão! A Taty tá no papo! Uhu!”

Ele estava ansioso para o almoço na casa da Taty, sua admirada número um. “Férias escolares tem lá suas vantagens”, afirma pensativo.

As palavras certas para conquistar a paquera já estavam decoradas desde a noite anterior. Chiclete estava planejando uma ficada especial, era dia de beijar muito! “Nunca mais serei B.V” , pensou.

São dez e meia da manhã, ele já se apresenta bem vestido, bermuda nova, cheia de bolsos, tênis de marca, perfume do pai, e um andar característico de conquistador. A turma já estava parada na calçada, e ele já conta o maior papo, dizendo que de hoje não passa, vai ficar com a anfitriã, os amigos quase chegam a apostar que não, mas ele está confiante.

O único imprevisto para ele foi o fato de tanta gente adulta ter sido convidada para o almoço de aniversário da moça. Ele não entendia muito bem aquele alvoroço, mas só estava de olho na loirinha, enquanto sua mente passeava pela carne assada, cujo cheiro impregnado no ar convidava pra chegar mais perto. Adolescente come!

Logo que viu um violão, pediu licença. Ele dominava essa área. Tocou alguns acordes, sempre perto da Taty. Ela era só sorrisos. Depois do almoço houve um tempo de descontração e ele aproveitou para chamá-la pra uma conversa. Pegou na mão dela, ela sorriu. “É hoje!”, ele pensou. Depois de gaguejar a frase decorada, tentou beijar a gata, que se afastou vermelha. “Não posso fazer isso, disse ela envergonhada. Tenho um compromisso!” Foi um balde de água fria no clima. Como estava começando uma cantoria agradável, ele resolveu permanecer, em vez de ir embora correndo de vergonha. Era uma reunião para agradecer a Deus pelas bênçãos recebidas por aquela família, e pelo aniversário de quinze anos da Taty.

Chiclete ficou admirado de ver adolescentes como ele, cantando sorridentes a respeito de Jesus. Ele aprendeu logo alguns cânticos. Que legal!, pensou.

A história de Jesus soou muito mais impressionante naquela tarde para Chiclete. Ele se sentiu o pior pecador, por ter ido ali com um interesse errado. Após a mensagem do evangelho, alguns estavam chorando, e estavam indo conversar com o pregador. Chiclete entendeu que também precisava de uma decisão, de mudar sua vida, de ser uma pessoa dedicada como a Taty. O filme da sua vida inteira passou diante de seus olhos. Ele tinha mentido para seus pais, tinha enganado pessoas, tinha ofendido a Deus, e não queria mais isso pra sua vida. Percebendo sua inquietude, Taty perguntou: “Você não quer receber a Cristo também?” Ele perguntou: “Você já fez isso, Taty?”. Ela acenou a cabeça que sim. “Meu compromisso é com Jesus!”, completou. “Ah bom! Ainda bem!”, respirou aliviado. “Taty, eu também quero receber a Jesus na minha vida”.
Oraram. Depois disso ele mesmo procurou o pregador para pedir ajuda e para contar da sua decisão. E disse: “Não tenho mais vergonha de Jesus!” Foi um novo começo.

Talvez algum leitor esteja vivendo um drama semelhante, pressionado entre o desejo da carne e a submissão à vontade do Senhor. A cobrança é grande para que aceitemos o padrão estabelecido pela sociedade, e sejamos iguais a todos. Será que seremos vitoriosos? A experiência do nosso personagem ensina-nos a ser diferentes, a dar testemunho de Cristo, como fez a Taty, ousando dizer não, e também nos mostra que nosso compromisso com Cristo pode conduzir pessoas ao conhecimento do Salvador. Também aprendemos que o Senhor conhece nossas intenções e nossos pensamentos, e nada pode ser escondido dEle. Ele sabe exatamente o que se passa em nosso coração, por isso, Ele quer transformar as nossas vidas. Muitas experiências do Chiclete são comuns a um adolescente, mas essa experiência de receber a Cristo como Salvador é a maior e a mais importante de toda a vida. Vale destacar ainda a firmeza da menina que não ficou de paquera por causa do seu compromisso com o Senhor, deixando a todos adolescentes um ótimo exemplo a ser seguido.

Os detalhes da ficção nos remete a certas perguntas tanto importantes quanto edificantes: Até que ponto nós estamos dispostos a abrir mão de nossos desejos pessoais por amor a Cristo? Será que nossos amigos percebem alguma diferença em nosso comportamento, por causa do relacionamento que temos com o Senhor? Estamos usando nossa vida para influenciar nossos amigos ao arrependimento e à fé? Temos coragem de dizer não à carne, quando pressionados pelos nossos amigos? Temos assumido a Cristo em nossas vidas ou ainda temos vergonha de declararmos que somos dEle?

Nosso protagonista venceu! Mas essa foi apenas uma batalha. E de agora em diante? Como contar sua experiência para seus amigos? Ele precisará de muita oração, mas essa já é uma outra história.

Pense nisso, converse sobre isso com seus amigos e conselheiros, e leia o próximo episódio:
Chiclete aprende a orar