Chiclete aprende a orar

Leia antes o primeiro episódio de nossa história:
A conversão do Chiclete

Não era uma segunda-feira comum, principalmente para um recém-nascido na fé, como Cláudio Augusto, o nosso Chiclete. Depois do café-da-manhã, ele pegou a bicicleta e saiu para respirar o ar da adolescência. Primeira parada: casa do Jota, aliás, se houvesse alguma novidade legal, com certeza o Jota saberia. Como teria sido o fim-de-semana da galera? De longe Chiclete percebeu que a turma estava lá e o assunto estava bem animado. Mal cumprimentou os amigos e ficou em silêncio escutando as novidades. Como sempre o mais falante era o Sandro:

– Cara, o Show do Simple Plan “tava” demais!!! Tinha mina pra sobrar! O Careca usou a identidade do irmão dele e tomou cerveja até; quase não agüentou ir pro ônibus depois. E o Cabeça? Mentiu pra mãe dele dizendo que ia passar o Sábado na chácara da igreja do Chiclete, e apareceu lá também. O Pierre, vocalista, apontou pra ele e falou: “Come here boy!!!” Ele respondeu “Yes!!!” Mas não tinha a mínima idéia do que o cara tinha falado. Eu ri demais! Parece que tava chamando o Cabeça pra subir lá. Se fosse eu, teria ido.

Cabeça, dando uma gargalhada, bateu nas costas do Chiclete e agradeceu:

– Valeu cara, você quebrou uma árvore pra mim. Qualquer coisa você confirma, tá?!

Claudinho, como era chamado pela sua mãe, não entendeu nada. Além de se sentir um peixe fora d’água, ele ainda, sem saber, tinha colaborado para a mentira dos seus amigos. E se a mãe do Cabeça perguntasse alguma coisa pra ele? O que ele falaria?

No exato momento em que Chiclete pensava preocupado, para sua surpresa, quem vem descendo a Rua? Dona Marília. Chiclete percebeu quando alguém sussurrou desconfiado aos ouvidos do Cabeça: “Sua mãe!!!”. O mentiroso, desconsertado e sem graça, rachou fora, devagarinho, deixando a bomba nas mãos do Chiclete, que esfregava as mãos, franzia a testa, e engolia seco, se segurando pra não sair correndo do lugar, pois não sabia o que dizer caso ela perguntasse alguma coisa.

Dito e feito. Chiclete, embora preferisse naquele momento ser invisível, foi o primeiro a ser interpelado por Dona Marília:

– Olá, Cláudio Augusto, tudo bem? Como estão as férias?
– Tudo bem, Dona Marília – respondeu.

Seu coração estava acelerado, como se fosse sair pela boca. Seus amigos deram um passo atrás para observar sua reação, enquanto isso, ele pensava naquela pergunta para a qual não teria resposta. O que ele falaria sobre a mentira da tal chácara? Ainda estava paralisado quando a senhora perguntou:

– Me fala da chácara da Igreja, como foi? Meu filho se comportou direitinho?

Enquanto gaguejava procurando a resposta, em poucos segundos, que pareciam uma eternidade, veio à mente de Chiclete tudo que tinha aprendido na igreja. Por obséquio, dois dias antes, ele havia decorado na Escola Dominical aquele versículo: “Vós sois do diabo, e desejais satisfazer a sua vontade…Quando ele fala mentira, fala do que lhe é próprio, pois é mentiroso e pai da mentira.” (João 8:44). Ainda como um relâmpago, passou em sua mente: “Fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que possais suportar, antes com a tentação, dará também o escapa.”

Ao ver que Dona Marília o observava calmamente com um sorriso, ele percebeu que ela estava ainda esperando uma resposta, e ele gelou. Ele sabia que deveria falar a verdade, mas também não queria perder um amigo – que dilema! Aqueles três ou quatro segundos pareciam uma eternidade. O que ele deveria responder?

Prezados leitores, você já se viu numa situação semelhante? Quantos adolescentes mentiriam, desonrando o Senhor, só para não prejudicar os amigos, ou para tirar alguma vantagem? Nosso personagem, naqueles poucos segundos, experimentou um grande dilema – mentir para agradar os amigos, ou falar a verdade e perdê-los? O que ele deveria fazer?

Tal situação pode acontecer no ambiente de trabalho, na escola, na igreja, ou até mesmo em nossa casa. Ao nos depararmos com um momento que exige uma decisão imediata, a respeito do que Deus nos falou em Sua palavra, como agimos? Diante de tal dificuldade, que conselho você, adolescente cristão, daria para o Chiclete?

Queridos, enquanto ficamos conjeturando, nosso personagem está passando o maior aperto. Vamos ver o que aconteceu?

– Mas então, Cláudio Augusto, você não me falou ainda como foi lá – cobrou dona Marília.

Diante desse aperto, Chiclete lembrou do que ele aprendeu na primeira aula de discipulado: Se você estiver em aperto, fale com o Senhor. Isso se chama oração, e você deve praticá-la todos os dias!

Essa é a hora, pensou. É agora ou nunca. Vou orar, falar do meu jeito, pedir ajuda do céu. Numa fração de segundo, Chiclete clamou ao Pai: “Senhor, não quero mentir, me ajude, não sei o que fazer”. Ao dizer amém, olhou pra frente e um carro buzinou. Era o marido da dona Marília. Ela sorriu simpaticamente, e se despediu: “Não precisa nem dizer, sei que deve ter sido bom. Tchau meninos!”.

Os amigos que não conheciam a Jesus, não entenderam nada. Respirando fundo, apenas disseram: “Ufa! Por pouco!”.

Mas Chiclete entendeu o que tinha acontecido. “Que bom que eu aprendi a orar”, exclamou baixinho. Em pensamento, agradeceu: “Senhor Jesus, obrigado por me ajudar a não precisar mentir. Eu te amo muito. Obrigado, obrigado.”

Caro adolescente, não espere chegar o aperto para exercitar a oração. Claro que Ele nos atende nos momentos de pressão e de dificuldades, mas Ele prefere ouvir nossa voz todos os dias, mesmo quando tudo vai bem. Você já aprendeu a orar?

Próximo episódio:
Chiclete e o Big Bang