Chiclete e o Carvanal

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A conversão do Chiclete
Chiclete aprende a orar
Chiclete e o Big Bang

“EÔ, EÔ, nossa turma é um terrô!”, era o que se ouvia no meio da galera que girava de mãos dadas no meio do salão, como se brincasse de ciranda. Chiclete no meio gargalhava e pulava, ao mesmo tempo em que percebeu uma voz conhecida gritar nos seus ouvidos, tentando abafar o som das enormes caixas acústicas instaladas para fazer o chão tremer:

– Como é bom curtir o carnaval bem pertinho do nosso bairro e ainda sem nossos pais saberem! Show de bola! – Chiclete apenas abanou a cabeça.

– Você tem que fazer o que a gente manda agora cara! Aqui na nossa área, é o papai aqui que manda, falô? – esbravejou um grandão apontando pra Chiclete, que sentiu na mesma hora seu rosto esquentar e suas mãos gelarem.

– Toma um gole da cerveja! É o batismo do Clubão. Ninguém pode ficar na seca, ta ligado?

Chiclete pegou a latinha e fingiu que ia beber, mas por causa na consciência saiu correndo tentando se esconder por entre as cabeças das pessoas que cantavam e dançavam, festejando o carnaval. Começou a perseguição.

O coração de Chiclete estava perto de pular pela boca, num misto de medo e de desespero, e bem quando ele pensava que estava livre, sente alguém agarrando seu colarinho:

– Ei, cara! Que pressa é essa?

Ele mal tinha coragem de olhar para trás. Seu silêncio tornava possível até ouvir a respiração do colega, mesmo no meio do som da balada que estava bombando.

– Ei, cara, sou eu!!! – Insistiu Jota.

– Ah, é você? Ufa, que alívio – suspirou Chiclete.

– Que isso Chichete? Parece que viu fantasma!

– E vi mesmo. O Grandão e sua turma estão atrás de mim, eles vão acabar comigo! Já estou arrependido de não ter dado uma golada na cerveja dele.

– Ah, o batismo do Clubão? Você recusou? Noooossa! Você tá perdido mesmo. Melhor cair fora! Venha, vamos tentar achar a saída.

Enquanto Chiclete fugia no meio da multidão em direção à porta, de vez em quando era cercado por uma galerinha animada que fazia trenzinho e cantava acompanhando as batidas do tambor:

– Parô, parô! Vamo respeitar, o crentinho vai passar!!!

Chiclete, morto de vergonha, tentava ignorar a humilhação e continuava olhando desesperadamente para todos os lados.

Era impossível dar muitos passos sem que alguém lhe oferecesse droga, ou cigarro, ou bebida. E as meninas querendo beijar na boca dele? Cada metro tinha duas. Enquanto ele passava e nada fazia, elas gritavam em coro: “Mão virada, mão virada!!!”.

Algumas vezes Chiclete sentia vontade de voltar, dar uns agarros, pra provar que era homem, e só não fez isso por medo do Grandão.

Finalmente, a porta. Um cara esquisito guardava a porta, e Chichlete procurou fazer cara de normal. Respirando fundo e se fingindo de malandro, tentou enganar o leão de chácara:

– Aí, feio, pode abrir que o papai vai pra casa, valeu?

– Qual seu nome de batismo, branquelo?

Chiclete gelou, mas disfarçou e arriscou:

– Chiclete!

Para sua surpresa, o mano de preto acenou a cabeça positivamente. Ficou um pouco em silêncio e declarou:

– Ninguém sai daqui sem autorização do Grandão. Vou bater um fio pro celular dele, pra ver se ele te libera.

Chiclete não sabia se corria ou se desmaiava. No seu coração prometeu pro Senhor que nunca mais entraria nessa, isto é, se ele saísse vivo!

O segurança balançava a cabeça e falava: “Hum, Hum….” Mas o pior foi quando ele declarou:

– Pode vir que eu seguro o cara aqui.

Chiclete pensou: “Que que eu tô fazendo aqui? Aqui não é lugar de crente não!!! Perdoa, Jesus!”

Foi nesse momento de grande angústia e aperto, que a música mudou. Chiclete nem acreditou quando ouviu em alto e bom som o que soava a todo vapor nas caixas gigantes da balada. Era uma música que ele conhecia bem e que dizia: “Apaixonado, apaixonado, apaixonado por você Senhor estou…”.

Foi então que Chiclete abriu os olhos e viu que estava no seu quarto, debaixo da coberta quentinha, e o radio FM que ele tinha programado para despertar finalmente salvou a sua pele! Que sonho!

Logo a mãe chamou:

– Filho, o café tá pronto. Levanta depressa senão vai chegar atrasado para o acampamento. O ônibus da igreja não espera, hein!

É possível que adolescentes crentes tenham decidido satisfazer a curiosidade nesse feriado e podem ter passado um aperto semelhante ao do nosso personagem. Mas a lição que fica é válida. Satanás veio somente para matar, roubar e destruir, por isso, precisamos, como cristãos, fugir das más companhias, e evitar ambientes onde o nosso testemunho possa ser destruído. Deus quer que você seja a pessoa certa, no lugar certo, na hora certa, para que Ele possa usar você segundo a Sua vontade. Não há felicidade nos prazeres do mundo. É muito melhor servir a Jesus.

Próximo episódio:
Chiclete e a redação