Chiclete e a redação

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A conversão do Chiclete
Chiclete aprende a orar
Chiclete e o Big Bang
Chiclete e o Carnaval

– Guardem todo o material debaixo da carteira! – ordenou a simpática a professora.

– Lá vem prova surpresa! – desabafou um dos alunos.

– Redação!- explicou com um sorriso.

Enquanto guardava tudo e se preparava para a produção de texto, Chiclete ouvia atentamente as instruções, e franziu a testa quando Dona Tarcília, a professora de Português anunciou o tema: “Quem sou eu?”.

A esta pergunta-tema, aquele aluno engraçadinho do fundão, logo exclamou:

– Eu sou o cara!!! As garotas me amam, mandam cartinhas de amor pra mim! Todas querem me beijar!!!

– É verdade professora. Ele é o cara da sétima “C” – concordou a maioria.

– Agora chega de conversa. Quero que vocês escrevam sobre o tema. Cada um vai falar sobre a visão que tem de si próprio. Olha gente, é muito importante pensar sobre isso.

Chiclete começou a pensar, enquanto seus olhos passeavam pela sala de aula. Ele via alguns adolescentes da sua sala, eles pareciam felizes. “Olha só o J.C.”, matutou. “Ele sim, deve ter história pra contar. Ele viaja, já ficou com um montão de garotas, tá sempre rindo”. A mente de Chiclete estudava o semblante dos colegas, em meio ao silêncio raro que se instalou na classe. Ele parou até de respirar por uns segundos quando levantou os olhos e reparou que a professora estava bem atenta olhando demoradamente para ele, isso levou-o a refletir lá no fundo da alma: “Afinal, quem sou eu?” Ele apenas pensou, mas tinha a impressão de que todo mundo tinha escutado o que se passava na sua mente.

“Se eu pelo menos fosse inteligente igual o Quatro Olhos”, continuou pensando. “Ou se eu fosse bom nas manobras de bicicleta, como o Caroço. Mas eu não sou, sou apenas um adolescente normal, chamado Chiclete”.

O tempo passou rapidinho. E o pior é que Chiclete não tinha escrito uma só linha, e a aula estava chegando ao fim. “Nossa! Como é difícil falar sobre a gente!”

Soou o sinal do recreio. Chiclete ficou pra trás, ele não tinha conseguido explicar quem era ele. Então, teve uma idéia brilhante: pedir pra professora pra fazer a redação em casa e trazer na próxima aula. Esperou que todos saíssem, ficando por último de propósito, para falar com a professora. Foi só virar a porta e viu que o JC, que ele tanto admirava, também não tinha conseguido escrever. JC já estava conversando com Dona Tarcília, e Chiclete ouviu quando ela falou:

– Então, você não fez!!! Todo mundo falou tão bem de você, achei que fosse escrever umas quatro páginas.

– Professora, eu não sou tudo isso não!!! – Confessou o menino.

Chiclete estava admirado. Como assim? Ele sabia da popularidade do colega.

– Professora, eu não sei dizer quem eu sou, não. Às vezes sou alegre, às vezes sou explosivo. Às vezes sinto um vazio. Meus pais se separaram. Eu finjo de durão, mas não me sinto feliz. Posso trazer a redação na próxima aula?

– Não me diga que você também não terminou!!! – Falou a professora dirigindo-se a Cláudio Augusto.

– É, eu… – resmungou Chiclete.

– Tá bom. Mas tragam na próxima aula, hein! – finalizou Dona Tarcília.

Os dois saíram lado a lado, e após um curto silêncio, Chiclete arriscou:

– Puxa, cara, não sabia que você tava com problemas!

– Sabe o que é? – explicou o amigo – Quando tô com os amigos, tudo bem, é só diversão. Mas quando chego em casa, sozinho, sinto um vazio grande. Não tenho com quem conversar. Não acontece com você , cara?

– Comigo não – interrompeu Chiclete – Eu converso com Jesus.

– Jesus? – Respondeu surpreso JC.

– É. Jesus. Aprendi na Bíblia que Ele é o melhor amigo. E muitas vezes, quando preciso, peço a Ele e Ele me ajuda.

– Poxa! – exclamou o amigo admirado – Você é que é feliz. Por que não escreveu isso na redação, cara?

– Pensei que o pessoal fosse achar ridículo – cochichou Chiclete.

– Que nada! Você é legal, até eu tenho vontade de ser igual a você, um cara que pensa nas coisas de Deus!!!

Chiclete suspirou tentando esconder um sorriso de satisfação. E emendou:

– Amanhã é Sábado, tem culto de adolescentes na igreja, você não gostaria de ir como meu convidado?

– Claro, cara! Tô querendo mesmo ouvir mais sobre esse Jesus.

– Tá bom, eu passo aí às sete horas, falô?

– Vou esperar – despediu-se o amigo.

Queridos adolescentes, o inimigo quer que pensemos que não temos utilidade, que não somos ninguém, que todos são mais felizes que nós, e que somente nas coisas do mundo há satisfação. Mas isso não é verdade. Ele tenta nos confundir fazendo-nos acreditar que não vale a pena dizer não para as coisas pecaminosas. Entretanto nada disso é real. Aqueles que estão em Cristo são filhos de Deus, e por isso são verdadeiramente felizes.

No caminho para casa, Chiclete se sentia flutuando. Servir a Jesus não era tão ruim assim! Ria à toa. Que bom poder ajudar alguém com problemas. Em pensamento, Chiclete falou com o Amigo Jesus: “Senhor Jesus, agora sei quem eu sou! Sou um filho de Deus. Ajude-me a não ter vergonha de servir a Jesus. Ajude também o JC para que ele não falte amanhã e conheça Jesus como o maior de todos os amigos”.

Naquela tarde, Chiclete chegou em casa cantando e sorrindo: “De Jesus a beleza se veja em mim…” e já foi logo declarando:

– Mãe, dá um lanche rápido porque tenho uma redação importante pra fazer!!!

– Que bicho mordeu esse menino?

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Chiclete e a entrevista