Oxímoros no cristianismo

Lee Strobel colecionava oxímoros. Esse jornalista e escritor dos livros “Em defesa da fé” e “Em defesa de Cristo” afirmou (in Inteligência Espiritual – Ed. Vida) que um de seus hobbies prediletos era catalogar oxímoros. Não tinha lugar, tampouco hora para encontrá-los. Podia ser em casa, no trabalho ou na rua. Eles apareciam em livros ou revistas. Escritos ou falados, não podiam ser ignorados.

Eu, particularmente, não os coleciono, mas sempre dou de cara com algum. Na maioria das vezes são cômicos, mas também existem os sérios. Alguns se demonstram tímidos e acanhados, por isso, às vezes é difícil localizá-los; outros, porém, são mais atirados e facilmente percebidos.

O leitor deve perguntar: “Afinal, o que são oxímoros? É de comer ou de passar no cabelo?”. Acalmem-se, explico: Oxímoro é um enunciado formado por palavras contraditórias; um termo paradoxo em si; uma figura de construção que consiste em reunir num mesmo grupo sintático dois termos de sentidos antagônicos. Provém do grego “oksómoron”, que quer dizer “engenhosa aliança de palavras contraditórias”. Para elucidar, cito os seguintes exemplos: obscura claridade; o nada que é tudo; grito silencioso; quase pronto; doce amargo; rio seco; opção obrigatória; ganhei em segundo lugar, e político ético (Ops!).

O título desse artigo também é um claro exemplo de oxímoro. Cristianismo sem Cristo é um paradoxo, é o mesmo que Trindade sem Deus e Deus sem poder. Mas é exatamente esse o panorama do cristianismo na modernidade: Atitudes que contrariam a essência da Igreja de Cristo; ações que caminham na contramão dos ensinos do Mestre Jesus e pregações que desvirtuam as Escrituras Sagradas.

Para comprovar, retornemos ao tempo dos Apóstolos, especificamente no contexto de Atos 11:26 “E sudeceu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos”.

Pela primeira vez que o nome cristão é utilizado, o qual é atribuído aos que seguiam as doutrinas de Cristo, àqueles que eram discípulos do Carpinteiro que transformou vidas, efetuou milagres e padeceu sobre a cruz. Naquela época seguir o Filho de Deus e fazer parte do grupo dos cristãos não era a melhor opção em termos sociais. Quando alguém se dizia cristão é como se gritasse aos quatro ventos: “Aceitei a Jesus, que venham as perseguições, a fome ou a espada. Para Cristo vivo e por Ele morro”. Tinham a plena convicção de que haviam escolhido o caminho estreito e que haveriam de passar por dificuldades e enfrentar perseguições, por amor ao nome de Cristo.

O tempo passou, a perseguição se foi (não completamente, é claro) e o cristianismo aumentou. Agora, ser cristão evangélico está na moda! Abra qualquer revista semanal e comprovarás o que digo. No último mês perdi a conta de quantas matérias foram publicadas sobre a “fé evangélica”. A exemplo das máquinas fotográficas e dos celulares digitais, ser gospel está em voga: A cada dia surge uma nova denominação, templos abertos, fiéis arrebanhados.

Graças damos a Deus pela obra redentora que têm efetuado atualmente. A conversão e transformação de pessoas que outrora não tinham a mínima intenção de conhecerem a Cristo, agora, rendem-se aos seus pés. Vislumbra-se, então, o cumprimento das profecias bíblicas. O inicio do fim.

No entanto, a evolução do cristianismo intensificou também o número de cristãos nominais. Pessoas que são levadas pela onda e arrebatadas pela emoção passageira. Surgindo assim, cristãos que não sabem o valor de Cristo, não compreendem os valores do Reino e ignoram as escrituras sagradas. Pensam que epístolas eram as esposas dos apóstolos; que Raiz da Tribo de Jessé serve para fazer chá e Leão da Tribo de Judá é uma espécie de felino.
Cristãos que buscam vitória ao invés de santificação; bênçãos em detrimento de oração; prosperidade no lugar de humildade; movimentos à avivamento; superficialidade à consistência; shows ao invés de adoração. Pensem que igreja é ponto de encontro e culto, evento social.

Na liderança aparecem novos profetas/ungidos/visionários: Administradores de igreja, no lugar de pastores de ovelhas. Gerentes eclesiásticos, ao invés de servidores do próximo. Componentes de organizações ao invés de membros de um organismo. Personal Trainner Espiritual ao invés de ministros do evangelho. Gostam de números, não de vidas. Amam o status, não as almas.

Observa-se continuamente o surgimento de Igrejas, ditas cristãs, que defendem o aborto, fazem apologia ao homossexualismo ou reivindicam um cristo bissexual (Revista Época – Entrevista, Ed. 329 – Set/2004). Pregam um Deus complacente com os erro e fora dos padrões bíblicos.

Tudo isso é o que podemos chamar de um grande oxímoro. O paradoxo de um cristianismo sem Cristo. Ora, cristianismo sem Cristo é pura religiosidade, mais um sistema filosófico moderno. Exclui-se o Senhor, sobra pura oratória. Retira-se o Mestre, morre o aprendizado. Somem, então, os verdadeiros discípulos (Lembremos: Pela primeira vez, foram os discípulos chamados cristãos).

Vale lembrar: discípulo é aquele que tem disciplina, que segue os passos do Mestre e, sobretudo, leva sobre si o nome do seu Senhor. Assim, nada mais justo que honrar tal denominação que foi conquistada com muita humilhação, sangue e morte.

Qual o seu nome?

Existe uma história muito interessante sobre Alexandre (As Portas do Inferno não prevalecerão – Ed. CPAD). Nós o chamamos de “O Grande”. Ele já havia conquistado todo o mundo quando tinha trinta anos e, então, chorou porque não havia outros mundos para conquistar.

Certo dia estava ele julgando seu exército, num grande palácio. Os soldados estavam alinhados com suas lanças ao longo das paredes, em posição de sentido. Alexandre, o Rei do mundo, estava sentado num trono de ouro e os soldados eram trazidos à sua presença um após o outro. Ele rapidamente pronunciava a sentença sobre eles, e não havia ninguém que os pudesse livrar de suas mãos, pois ele era soberano na terra.

Finalmente, foi trazido diante dele um jovem de cerca de 17 anos. Ele era macedônio, sua aparência era incomum, pois era louro e tinha olhos azuis, um rapaz muito simpático. Alexandre olhou para ele, e seu semblante se suavizou um pouco. Os soldados pensaram que talvez ele tivesse se agradado do rapaz. O rei então perguntou qual fora o seu crime, e o sargento de armas leu sua acusação. Ele havia sido encontrado encolhido numa caverna, tendo fugido da face do inimigo em batalha. Se havia uma coisa que Alexandre não podia tolerar era covardia, pois não havia um osso covarde sequer em seu corpo. Em seu cavalo branco, Bucéfalo, Alexandre havia cavalgado diante de seu exército, e todas as lanças e setas persas não tinham sido capazes de derrotá-lo.

Quando ouviu o que o jovem havia feito, Alexandre olhou para ele friamente. Mas, quando olhou para aquele jovem tão simpático e que parecia tão jovem, a face do rei de suavizou novamente e ele perguntou-lhe: “Jovem, qual é o seu nome?” Todos na sala deram um suspiro de alívio, pois sabiam que o rapaz havia conquistado o coração do rei. O jovem suspirou também e respondeu: “Alexandre”. Então o sorriso deixou o rosto do rei, e ele falou ao rapaz. “Qual é o seu nome?” O jovem teve um estalo e respondeu: “Alexandre, majestade!” O rei ficou vermelho de raiva e perguntou novamente: “Qual é o seu nome?” O rapaz começou a tremer e disse: “A-A-A-A-Alexandre, majestade!!!” Com isso, o rei saltou de seu trono. Agarrou o rapaz pela roupa, levantou-o do chão, atirou-o longe e disse: “Soldado, mude a suas conduta ou mude o seu nome!”.

E quanto a você? Qual é o seu nome? “Cristão, Senhor!” “Qual é o seu nome?” “Cristão, meu Senhor”. Você ousa trazer sobre si o nome daquele que expôs o seu rosto para Jerusalém e que foi pendurado numa cruz? Você que nunca abriu sua boca para defendê-lo, você que tem sido covarde nesta batalha, tem arrastado Seu nome na lama? Homem, mulher, jovem! Mudem suas condutas ou mudem de nome!!!

Acho melhor mudarmos as nossas condutas, esquecermos a moda, derrubarmos os títulos e carregarmos a cruz.