Fico eu a imaginar na proa
enquanto os passos do navio me carregam,
e me levam, e me dormem, e me sonham,
e me amontoam.
O balanço sem descanso que
me enjoa,
sem destino, a andar no mar, não à toa.
Vou eu a observar,
o observado que me observa,
no mar,
na relva,
um pobre homem que não dorme,
eu ali, na macega,
na proa,
enquanto de passo em passo
o navio me carrega.
Eu peregrino, adulto ou
menino…
Num mar, num mundo,
eis o navio – a vida
que se esvaece num segundo.
Levado pelo vento, pregando,
anunciando a vida,
a verdadeira vida que espera
o encontro celestial do noivo e
da noiva.
Foi sangue puro, de Cordeiro,
anuncia o mensageiro,
que na relva, na proa, colhe, ceifa,
almas cansadas,
que deixaram na vida pegadas
de sofrimento.
Um dia no céu, abandonaremos o lamento.
Esta é a viva esperança
que anuncia o missionário.
“Quão formosos são os pés dos
que anunciam Teu amor”
Diz a Palavra ao lavrador,
que caminha, que vai, que vem,
firme nas promessas do Senhor!
Sem medo, segue firme na proa,
Tendo a certeza que no final
receberá sua coroa!
por Flávio Carvalho Costa
