Cristão-cidadão V

Fome

Amigos, temos agora um novo presidente eleito. Que ninguém se iluda, nada será fácil. Não quero defender nem atacar. Não quero ser pessimista nem ingênuo. Quero esperar para ver e orar para que Deus tenha misericórdia de nós, aconteça o que aconteça. Mas já concordei com uma coisa: todo cidadão brasileiro, segundo Lula, tem o direito de ter 3 refeições por dia. Se ele vai conseguir isso ou não, é outra história. Mas que está certo, está.

O flagelo da fome precisa ser atacado estruturalmente. Não faz sentido que os donos do celeiro do mundo morram de fome. Tudo o que se planta aqui dá. Meu sogro colhe mamão no meio do cimento da sua calçada. Onde o Ciro Gomes irrigou no Ceará se produzem frutas para exportação o ano inteiro. Até o Ratinho já colheu melancias no Sertão! Então, é preciso ir mais além do que o mero assistencialismo, senão daqui a 4 anos teremos ainda mais gente morrendo de fome. É preciso aumentar a produtividade do campo, com acompanhamento técnico, é preciso facilitar o crédito através de políticas agrícolas corretas, é preciso fazer uma reforma agrária decente (que inclusive saiba separar produtores rurais de bandidos baderneiros e aproveitadores), é preciso dar condições para que aqueles que migraram para os grandes centros em busca de vida melhor e que encontraram ali uma vida pior possam voltar para suas terras e tenham lá condições de viver dignamente, é preciso gerar empregos. Tudo bem. Só que aqueles que hoje não tem o que dar a seus filhos ou a si mesmos não tem tempo de esperar tudo isso acontecer. Quem nasceu no meio do lixão em 94, ano do Real, se até agora não morreu de fome, hoje tem 8 anos e tem sua existência como ser humano irremediavelmente comprometida. Ele não pode esperar mais. Precisa comer hoje. Os ossos da sua fome já estão à mostra. As três refeições precisam chegar à sua mesa agora.

Enquanto isso, ecoa em nossos ouvidos as palavras de Jesus: “Dai-lhe vós mesmos de comer”. Será que a igreja brasileira não teria como oferecer pelo menos a estrutura necessária para que esse projeto contra a fome se viabilizasse? Há muitas que já estão fazendo. Em muitos lugares nesse país há gente comprometida com o Reino que entende isso e põe a mão na massa.

Infelizmente, nem todo mundo encara empreendimentos como esses de maneira correta. As obras assistenciais das igrejas (pelo menos no meio dos chamados “Irmãos”) sempre foram tidas em segundo plano. Demoramos quase 8 anos para construir uma creche em um bairro de Piracicaba, quando somente as igrejas da cidade poderiam ter feito a obra em menos de 1 ano. Há muita gente que mora aqui e que nem sabe onde fica e muito menos o que acontece lá. A creche em Ribeirão Preto fechou por falta de recursos. Se até os missionários passam necessidades, que dirá os que são de fora. Mais uma vez deixamos nas mãos dos kardecistas e católicos romanos a responsabilidade que é nossa desde o Sermão do Monte: fazer como que os homens vejam as nossas boas obras e glorifiquem por isso ao Pai Celestial. Deve ser nosso propósito como cristãos cidadãos auxiliar no que for possível para enfrentar esta questão. Temos condições para isso e temos a motivação certa para isso.

Mais ainda. A fome tem sua origem na ganância. Se uns tem tanto a ponto de desperdiçar (o lixo brasileiro deve ser o mais rico do mundo) e outros não tem o que comer e morrem de fome, sendo que há riqueza suficiente para todos, é porque a distribuição dessa riqueza é injusta. Segundo a Isto É de 29 de julho, o Brasil é o 4º país de pior distribuição de renda do mundo. O problema é que este ponto não se resolve com programa de governo nem com ações de cidadania. Resolve-se com o Evangelho da justiça. Não com a farsa da teologia da Libertação. Não com o Evangelho progressista barato, que ataca somente as conseqüências do problema. Mas com a mensagem da Verdade que liberta. Do Cristo que coloca novos corações dentro da gente, que nos ensina a servir e não a sermos servidos, que nos incita a repartir e não a ajuntar. Isto só a igreja de Jesus Cristo pode oferecer, com a pregação do Seu nome.

Ouvi o discurso de Lula. Ele disse que se conseguir as três refeições por dia para cada brasileiro, ele terá cumprido o que chamou de “a missão de minha vida”. Sim, sr. Presidente. Quero ajudá-lo, como cristão-cidadão, a cumprir esta missão, mas além do pão de cada dia quero de alguma maneira fazer a minha parte para que cada brasileiro conheça e se farte com o Pão da vida.

Então terei cumprido a missão da minha eternidade.

Pensando bem:

Temos condições para isso e temos a motivação certa para isso.