Fez Deus os dois grandes luzeiros

Em vários momentos nas Escrituras Deus utilizou figuras materiais para tipificarem verdades espirituais. Vemos no AT Deus utilizar a pedra na qual brotou água quando Moisés a feriu, utilizar a serpente levantada no deserto, utilizar o cordeiro pascal e tantas outras figuras para representarem o nascimento, a vida, a morte e a ressurreição de nosso Senhor Jesus. Vemos o próprio Senhor Jesus ensinando através dessas figuras, quando muitas vezes disse: “O reino dos céus é semelhante a…”.

Somos notoriamente o ápice de toda criação de Deus. Um Deus maravilhoso, que em sua infinita criatividade criou as demais coisas tão perfeitas em seus detalhes e tão distintas em sua beleza, porém com um propósito comum, o de nos ensinar as coisas.

Paulo afirma em sua carta aos Romanos no capítulo 1:20 – “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas”.

Deus Se revela por meio de Sua criação e por meio dela também revela a Sua soberana vontade.

Incrivelmente podemos perceber este princípio já no início da criação, e é daí que tiraremos lições para nós hoje.

“E sejam para luzeiros no firmamento dos céus, para alumiar a terra. E assim se fez. Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas” (Gênesis 1:15-16).

No quarto dia de Sua criação, Deus fez os luzeiros dos céus. Qual a função deles? Iluminar a terra. Note que a terra ainda estava vazia, nem um ser vivente havia sido criado, porém a luz já existia. “No princípio criou Deus os céus e a terra” e no primeiro dia Deus Disse: “Haja luz; e houve luz”.

Havia a luz, mas não havia o sol e nem a lua. E ainda, as estrelas foram criadas depois, o sol governaria o dia e a lua governaria a noite, porém as estrelas apenas foram criadas, independentemente do dia e da noite. Estaria Deus anunciando a queda humana e o Salvador? Estaria Deus querendo nos alertar sobre algo? Vejamos.

Imaginemos que a luz criada no primeiro dia se referisse a Deus. O Deus infinito que antes de tudo já era Deus. Deus por meio da luz nos ensina sobre Sua santidade e pureza, ensina sobre Sua justiça e salvação (Sl 27:1; 37:6). O sol é o grande luzeiro, o governador do dia, esse é o Cristo, aquele que mostrará à terra a verdadeira luz de Deus.

O sol nos ensina sobre a glória de Cristo, o sol revela Sua majestade, como Aquele que governa o dia. E a lua? Não seria Lúcifer? O governante das trevas, o que se revela na escuridão da noite. Sim, Deus criou a luz e as trevas “e viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas” (v.4). Este é o luzeiro menor, aquele que não pode governar o dia, mas que governa a noite.

Inicialmente havia apenas a luz, porém surgiram as trevas e Deus fez separação entre dia e noite. “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações!” (Is 14:12).

“Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.” (Is 45:7).

Deus quer que aprendamos com a sua criação. Vejo que nós somos as estrelas, criadas depois de todos esses acontecimentos, capazes de escolher brilhar a noite e seguir o governador das trevas ou escolher seguir o governador do dia, o próprio Cristo.

As estrelas durante o dia não podem ser vistas, a luz do sol resplandece sobre o seu brilho. “Convém que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30). Para nós Deus revela que o verdadeiro cristão seguidor do Luzeiro Maior, deve dar lugar ao verdadeiro glorioso, não desejando “aparecer” como Ele, mas vivendo uma vida que O revele, ao invés de uma vida que revele a si mesmo.

Todo o que deseja glória para si, todo o que deseja “brilhar” neste mundo, se revela à noite para que possa ser visto. Este é seguidor da lua, companheiro do luzeiro menor.

Paulo estava indo a Corinto e temeu encontrar, além de outras coisas, o orgulho nos crentes dalí (2Co 12:20). Temeu encontrar estrelas noturnas.

Devemos ser o “sal”. Que tempera a comida sem ser visto. Devemos ser estrelas diurnas, dispostas a deixar que a verdadeira Luz seja revelada, pois, “uma é a glória do sol, outra, a glória da lua, e outra, a das estrelas; porque até entre estrela e estrela há diferenças de esplendor.” (1Co 15:41). Deus nos revela Sua vontade por meio da criação. E na luz do dia Cristo “sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento.” (2Co 2:14). Sejamos estrela diurna, para a glória de Deus.