O limite do mal

Amigos, um dia ou outro na vida você deve ter assistido a esses programas de TV que dramatizam crimes passionais. A história se repete como num clichê: um homem dizendo-se perdidamente apaixonado por uma mulher que o rejeita, vai enchendo a medida de sua ira e perversidade até que acontece a tragédia: assassina a esposa ou ex-esposa (que em geral demora muito tempo para se afastar dele, temendo o pior, que acaba acontecendo). É o chamado “amor patológico”, que prefiro chamar de covardia e egoísmo. Quase sempre, um sentimento de posse gera um ciúme doentio, de onde provém um sentimento de vingança pela perda: “se você não for minha, não será de mais ninguém”. A pessoa, então, dominada por esses terríveis sentimentos que cabia a ela controlar, age impulsivamente e é capaz de fazer loucuras. Ameaça, agride verbalmente, depois fisicamente, mata, tenta o suicídio. Em geral, para mostrar que não é assim tão doido, o autor descontrolado escapa. Afirma que não poderia viver sem ela, mas fica vivinho da Silva para continuar sua vida, enquanto destruiu a da esposa e seus familiares.

Cada vez que nos deparamos com esta situação, e são lamentavelmente bem comuns, ficamos a pensar como é possível que um ser humano chegue às raias da insanidade, da estupidez e da inconseqüência por estar de tal maneira controlado por sentimentos tão vis e desprezíveis. Do que é capaz uma pessoa que age por instintos egoístas, levando em conta apenas a sua vontade pessoal, seus gostos ou caprichos?

Ontem, enquanto assistia a mais uma dessas histórias, me ocorreu um pensamento inquietante, mas esclarecedor. É que sentimentos como o ciúme, a inveja, a cobiça, se não tratados adequadamente, transformam-se mesmo em bombas-relógio de altíssimo poder de destruição para qualquer um de nós. Isso não acontece só no caso de maridos mal-amados. Acontece até nas igrejas. Você nunca viu um caso de uma pessoa que falou besteira, que fez coisas inacreditáveis, que tomou atitudes que nem um descrente teria coragem, só por que alguém fez sombra para ele? Já viu gente jogando tudo para o alto porque sua opinião foi descartada? Digo mais: ciúme de um homem por uma mulher já é perigoso e nojento, mas você não imagina o que é capaz de produzir o ciúme de um homem por outro homem. Quando isso acontece, pode se esperar de tudo. Ciúme de homem é uma arma de destruição em massa!

Pior ainda, o ciúme a inveja quando exercidos por alguém que tem ou julga ter poder nas mãos, seja o poder econômico, político, pastoral (poder pastoral???) ou de qualquer outra sorte, sempre produz trágicos, porque tal a influência, maior o alcance. Vidas são destruídas, reputações são jogadas na lata do lixo, campanhas sórdidas são empreendidas, via telefonemas na calada da noite, produção e distribuição farta de boatos por e-mails, cartas, publicações etc. Não se poupa ninguém. Nem família, nem filhos, nem ministério nem nada. Quando o ciúme e a inveja produzem seu fruto diabólico, o inferno é o limite. Só quem já passou por isso sabe do que estou falando.

Não apenas o ciúme faz isso. Você pode já até ter sido vítima de alguém que se sentiu ferido no seu orgulho. Por exemplo, existem pessoas na igreja que não admitem que eles não sejam procurados antes de qualquer outra pessoa quando alguém precisa de um conselho. Sentem-se preteridas e começam a alimentar um desejo cego de vingar-se dos que recebem maior credibilidade do que eles. Nunca pararam para se perguntar por que isso ocorre. Se foi pela traição da confiança de outros no passado, se foi porque eles nunca conseguiram cuidar nem mesmo de seus próprios e mal resolvidos passados, se foi porque não conseguem aplicar adequadamente os conceitos bíblicos à realidade e assim por diante.

A inveja também mata e faz matar. É por causa dela que uma pessoa copia o que os outros fazem e depois reproduz como se dela fosse. Na tentativa amalucada de conseguir o prestígio que supõe ter os outros, são capazes de fazer qualquer coisa. É a inveja que os leva a caluniar, depreciar o caráter e as intenções dos que são melhores do que eles. Nem uma heresia é mais satânica do que isso.

E assim, aqueles homens que foram colocados à frente do rebanho para cuidar, apascentar, alimentar, socorrer e conduzir os filhos de Deus na dura lide desta vida, acabam se tornando, na verdade, seus algozes. É inimaginável o que é capaz de fazer uma pessoa que se deixa levar e dominar por esta maldade. Não é difícil encontrar quem age assim tentando se justificar com a Bíblia na mão, citando textos fora de contexto para dizer que fizeram a coisa certa.

Então, quando você for perseguido, caluniado, desprezado, expulso, afastado ou até ameaçado por alguém, analise primeiro a sua consciência, a ver se não deu algum motivo. Se concluir que o problema é que você brilha mais do que os outros gostariam, dê de ombros e siga a vida. Se preciso, afaste-se de quem age assim, antes que você se fira.

E bola pra frente. Não vale a pena conviver com assassinos, seja dos que são capazes de dar um tiro ou dos que são capazes de não amar a seu irmão (1 João 3:15).