Lutando contra a correnteza

Creio que a nossa vida pode ser comparada à vida de um náufrago, que deve fazer uma escolha. Seguir a correnteza, esperando que as próprias águas o levem a um lugar de descanso, ou nadar contra toda força que o impulsiona a descer, esperando que mais acima esteja o melhor lugar de descanso. O que você escolheria? Desceria, o que é mais fácil, ou subiria, o que exigiria força e maior dedicação?

Vivemos o nosso dia-a-dia tomando decisões que vão estabelecer o nosso relacionamento com Deus. E são nessas encruzilhadas que percebemos um detalhe importante. A força não está no “fazer” e sim no “não fazer”. Explicarei melhor. Quando decidimos fazer alguma coisa, na verdade tomamos essa decisão impulsionados por fortes correntezas que nos levam a fazer. Por exemplo: Hoje você tem um aniversário para ir, e o aniversariante é um parente seu. Tudo o leva a tomar a decisão de ir à festa. Veja por quê: Primeiro, seu cônjuge ou pais vão, como você explicaria sua ausência? Segundo, é um parente, há o quesito da consideração. Terceiro, eles vieram no seu último aniversário, é hora de retribuir… E assim por diante. Tomar a decisão de ir, na verdade, seria seguir a correnteza, por mais que pensemos o contrário. Porém, decidir não ir demandaria uma maior força já que você enfrentaria toda a força das águas deste rio vindo contra você, cobranças, desapontamentos e etc.

Assim acontece em nossa vida espiritual. E são as nossas decisões que determinam como está nosso relacionamento com o Senhor. Veja: Hoje acordei mais tarde, o relógio não despertou. Estou meia hora atrasado para o serviço. Tudo me impulsiona a chegar ao meu trabalho e contar uma mentira para que eu não tenha que encarar a recriminação pela minha falta de responsabilidade. Não faço força alguma quando decido mentir, porém se decido dizer a verdade, veja quanta coragem tenho que tomar pelo caminho.

Esta é uma força necessária a todos os que agora são nova criatura. Antes, no mundo, não fazia diferença. Mas agora eu desejo ter comunhão com o meu Senhor, desejo andar junto dEle, e para que isso possa acontecer é necessário decidir nadar contra a correnteza.

Meus irmãos, compartilho essas idéias porque de fato sei como é difícil tomar a decisão correta, sei como é difícil lutar contra toda a força das águas e dizer a verdade, e ser justo, e repreender… Até mesmo o Apóstolo Paulo enfrentou essa dificuldade.

“Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.” (Rm 7:19)

Por isso precisamos ainda mais de nosso Senhor Deus, por isso devemos buscar nEle a força que nos falta. Pedro disse: “… quem serve sirva com a força que Deus dá…” (1Pe 4:11). Paulo completa: “… sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6:10).

Veja o exemplo de Acã no livro de Josué. Deus havia determinado que os israelitas não deveriam pegar nada na cidade de Jericó, mas destruí-la completamente. Acã desobedeceu. Tudo o levava a pegar aquela capa babilônica tão bela, afinal, ninguém estava olhando mesmo. A força consistiria em não praticar o ato, já que a prática do roubo caracterizava-se como sendo uma fraqueza desse homem. E ainda, após consumado o fato, como explicar o surgimento de tal capa? Então o que ele fez? Enterrou juntamente com o ouro e a prata que também pegara. Talvez Acã tenha ficado com remorso de ter tomado aquela atitude, mas reconhecer o erro a esta altura do campeonato não seria nada agradável. Mais uma vez Acã foi fraco e não lutou contra a correnteza. E o resultado disso tudo foi o distanciamento de Deus de todo o povo e ainda a morte de Acã e de toda sua família.

Não decidir ter força e encarar o problema de frente pode trazer conseqüências para a vida toda. Amados, tomemos a decisão correta, custe o que custar. Lutemos contra toda a correnteza como um náufrago em busca do lugar mais seguro para se salvar. E lembremos sempre que a força está em não fazer o que as águas desta vida nos levam a fazer. Na fraqueza nos tornemos fortes como alguns homens citados em Hebreus 11:34: “Eram fracos, mas se tornaram fortes”. Amém!