Durante essa semana, muitas vezes Deus deve ter olhado para mim e dito: “Haja paciência!” É nisso que tenho pensado desde o dia em que perdi a voz. Estou totalmente muda, fruto de uma infecção de garganta. O que é possível fazer sem voz? Gestos. Mas acho que não dou para mímica porque ninguém me entende! E quanto mais desesperada fico, menos voz tenho.
Meu coração ainda fica mais ansioso com isso porque Deus me deu o privilégio de falar do evangelho através da música. Sou apaixonada por música. Canto dirigindo, canto cozinhando, canto estudando e canto também no banheiro como todo mundo. Porém, a uns oito meses atrás descobri que tinha fenda nas cordas vocais e fui informada que não podia cantar por um bom tempo. Tinha perdas de voz freqüentes e passava longos períodos sem conseguir nem ao menos me comunicar. Era horrível! Uma sensação de impotência sem igual, onde contestei a ação de Deus por inúmeras vezes.
Fiz o tratamento intensivo com fonoaudiólogo por dois meses. Durante esse tempo teria que falar só o essencial e após esse período me submeti a um novo exame que constatou que eu estava curada. Hoje dou graças a Deus por isso! Mas agora, novamente sem conseguir nem ao menos falar, percebo a microscópica fé que tenho e que, da mesma maneira que precisei da paciência de Deus naquela época, preciso agora. Tenho o costume de brincar dizendo que Deus me colocou no mundo para cantar… Mas agora nem falar consigo.
Cadê Deus? Você deve estar pensando… Eu também pensei. Por que Ele, por um instante, tirou de mim a possibilidade de falar dEle para outras pessoas através da música, sendo que foi Ele mesmo quem me deu esse dom? E por que essa situação tornou a se repetir? Você entende? Eu não! Mas quem disse que precisamos entender?! Posso só me sentir momentaneamente inútil! Amarrada!
Nessa condição, eu não posso falar, mas Deus pode e Ele me falou que: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (II Co 12:9a). Deus calou a minha boca literalmente! Que já estava calada por fora, mas linguaruda por dentro. Prontinha para reclamar! Como precisamos de Deus! Nos achamos tão auto-suficientes, tão capazes, tão donos dos dons. Precisamos aprender com Eclesiastes “Tudo tem o seu tempo determinado… há tempo de calar e tempo de falar” (Ec. 3:1, 7b). Estou no tempo de calar… só ouvindo Deus falar. Nesse tempo, Deus me ensinou que preciso dEle para tudo, até para as coisas mais básicas. E se Ele permitiu, por Sua vontade soberana, que eu ficasse sem voz, nisso Ele manifesta seu poder em mim porque o poder dEle se aperfeiçoa na minha fraqueza. Então só posso me gloriar nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo (II Co 12:9b).
Não posso falar, mas posso escrever (ufa!) para lembrar você de que não somos nada sem Deus, só damos frutos porque estamos ligados na videira (Jo15:5) e plantados junto as águas (Sl 1:3). Nunca se esqueça que Ele é a fonte!
