Quero de volta!

Lágrimas não mudam situações, raiva não traz de volta o que se perdeu, desistir não alivia a dor das situações, em certos casos não há o que fazer. Detesto admitir isso, mas vida cristã é como andar na montanha russa: você não controla o carrinho, você somente suporta o frio na barriga.

Este meu fim de ano foi como pular de bung-jump. Torturante, enlouquecedor. Se minhas vitórias forem do tamanho da minha luta, serei uma campeã. O fato é que mais uma vez perdi. Ah! Não enrugue a testa, vou mudar as palavras. Mais uma vez plantei na lavoura errada, semeei pra outra colher, enfim, novamente me vejo obrigada a voltar o caminho.

E quando estava pensando sobre isso, sentada no marco da estaca zero, tive uma visão. Uma mulher com seus cavalos, camelos e servos, a galope, feição enrugada, dentes serrados e muita pressa, corria e nada poderia fazê-la parar. Quando, de repente, num ímpeto, ela salta do cavalo e se prostra aos pés de um homem. Posso ouvir o sussurrar das suas palavras: “Pedi eu a meu senhor algum filho? Não disse eu: Não me enganes?”

Por Deus, quase me prostrei e repeti sua última frase: Não disse eu: Não me enganes, não me enganes, não me enganes! Há coisas que não pedimos a Deus, parece que Ele cria em nós o sonho de tê-las e depois de colocado em nós a impressão que temos é que só podemos ser felizes com isso. A Sunamita não pediu um filho, o profeta é que moveu os céus e lhe deu como um presente e, depois que ela gerou o filho, que o amou, ele morreu.

Ah! Deus!!! Não nos engane! Como entender que as coisas morram assim, como se conformar que ontem existia e hoje é fumaça? Ela não se conformou, ela correu, ela foi até o que havia criado essa situação e disse: “Vive o Senhor e vive a tua alma que não te deixarei até que vás comigo!” Então ele se levantou e a seguiu.

Sábia mulher. Em meio a tanta confusão ela usou sua dor para reivindicar o poder de Deus. Em sua casa ela colocou seu filho morto no quarto do profeta, pois naquele lar havia um lugar para o representante de Deus. E o Senhor devolveu em seus braços seu maior sonho.

Se eu disser que estou convicta, estarei mentindo. Se afirmar que não estou abalada, estarei enganando. Mas posso garantir que há um lugar para Deus em mim, um quarto, e lá está meu sonho morto e em meus lábios um clamor: Não disse eu: Não me enganes?

Espero rever meus sonhos como a Sunamita reviu seu filho.

por Érika Silva Santos