Síndrome de Absalão

Sou tão belo e atraente, tão bonito e inteligente!
Que talvez eu não precise ser um filho obediente!
Meu pai parece caduco, me diz coisas nada a ver!
Eu não posso, eu não quero, nunca vou envelhecer!

Eu deveria reinar sobre o povo de Israel!
Pensando bem… sobre a terra… o céu?!
Seja feita a minha vontade!
Eu exijo meus direitos, mas, sem responsabilidades.

Não tenho nenhum caráter, mas sou um cara legal!
Bom de farra, bom de papo, descolado e coisa e tal!
As minas todas reparam quando paro meu carrão!
Roupa de grife, celular, eu sou o cara! Tenho a vida nas mãos.

Meu pai só tem que assinar o cheque em branco, a fiança…
Entender que neste corpo de homem sou uma eterna criança!
Divertindo-me a valer, curtindo tudo o que posso,
Sem restrições, sem cobrança, sem vergonha e sem remorso.

O mundo é a Disneilândia, e eu sou o Peter Pan!
Compromissos, deveres, responsabilidades? Penso nisso amanhã!
Mas se o amanhã não existe, pra que então esquentar?
Vivo inconseqüentemente; e as contas? Deixo pro paizão pagar.

Cabelo ao vento, muita balada, assim é a vida pra mim.
Não sei o preço de quase nada, e a minha estrada não vai ter fim!
Suspenso entre céus e terra, não ouço quando mamãe chora, ou meu pai berra.
Levito tranqüilamente pois aprendi já de criança que é sempre o outro que erra.

Para ruminar vida afora:

“Não havia, porém, em todo Israel homem tão celebrado por sua beleza como Absalão; da ponta do pé ao alto da cabeça não havia nele defeito algum. Disse, pois, Davi a todos os seus homens que estavam com ele em Jerusalém: Levantai-vos e fujamos, porque não poderemos salvar-nos de Absalão. Então o rei, profundamente comovido, subiu a sala que estava por cima da porta, e chorou; e andando dizia:Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão !Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão meu filho, meu filho!” II Samuel 14:25.