Estão roubando minha identidade

Sinto-me descontente diante do que vejo e escuto. Sinto-me mutilado em meus ideais de vida ministerial. Sinto-me preso e empurrado para uma rocha, sem saída iminente. Não tenho a intenção de ficar embaixo de holofotes, profetizando reformas religiosas. Contudo, por diversas vezes já ministrei sobre “vida interior”, enfatizando a transformação da vida interna e mudança de caráter. E, em contrapartida, encontro uma gama de ministro do evangelho, falando, exatamente, o contrário – pisam a cabeça do diabo, arrancam as bênçãos de Deus à força, praticam rodopios cabelares, subidas no monte, – e para falar a verdade, o pôr-do-sol aqui em Fortaleza é deslumbrante, mas não justifica -, isso talvez seja a motivação para a subida no monte, mas não é? – Então pergunto: por que esses ministros agem assim? Afinal de contas, que “tipo” de Jesus devo pregar? Um Jesus triunfante ou um Jesus sofredor?

Diante do exposto, meus caros irmãos, de duas, uma: ou estou errado, ou preciso refazer meu dever de casa. Quais dessas opções devo seguir? Confesso que estou propenso a refazer meu dever de casa, assim, não estou obrigado a mudar meus princípios. Me recolher e, finalmente, procurar morrer com minha geração.

Percebo que estão sepultando um tempo memorável. O meu tempo! Ah, como sinto saudades dos grupos de estudos da mocidade! Como sinto saudades do tempo em que jovens estavam madrugando nas vigílias! Não sei a razão, mas gostávamos de visitar os jovens ao entardecer, talvez fosse por causa da visita sobrenatural de Deus a Adão. Diz a Bíblia que Deus andava com Adão nos fins de tarde. E nós buscávamos intimidade com Deus exatamente nessa hora. Hoje, vejo os jovens se reunindo e programando uma saída ao Shopping Center com o objetivo de “curtir” uma tarde “gospel” com a turma. E para falar a verdade, não sou contra isso. Mas é inegável que são, exatamente, esses jovens que irão nos substituir amanhã. Meus queridos irmãos, estou longe de ser uma pessoa radical e determinista. Mas convenhamos, onde estão os momentos de comunhão com Deus? Onde está a busca pela intimidade, que inspiraram grandes homens e mulheres de Deus?

Enfim, não me resta outra alternativa a não ser reafirmar meus valores, meu compromisso pela causa de Cristo, e definir minhas prioridades. Sinto a necessidade de ler, alimentar minha alma de bons livros. Infelizmente estou cheio de ler escritores nacionalistas e triunfalistas. E ainda mais, meus queridos irmãos, sinto que preciso urgente me identificar como cristão. Parece que não consigo mais perceber quem é crente, e quem não é. Estou ficando sem identidade! A sociedade não consegue saber quem é quem! Os valores cristão estão sendo trocados por outros bem mais perniciosos e danosos ao meio cristão. Percebo que estamos ficando frágeis e vulneráveis.

Repito: Minha intenção não é ser uma pessoa pessimista e mentor de transmitir a derrota. Mas se a coisa continuar assim , não resta a menor dúvida de que a derrocada será iminente. Minha geração virará pó. Minha oração é que não passe de nós esta geração. Tantas vidas morreram por esta causa, tantas vidas esmeraram-se em preservar, cuidaram dos meninos e esperaram, pacientemente, estas crianças transformarem-se em grandes nomes do cristianismo. Até chegar até nós. Meus caros, é com pesar que escrevo isto a vocês. Estou relatando apenas o que sinto e percebo. Lembro-me ter ouvido que 500 anos de história cristã pós-reforma foram postos na lata do lixo. Será que estamos desacelerando o processo? Estou propenso a acreditar nisso! E que Deus nos ajude a sermos relevantes nesta geração. Eu quero minha identidade de volta.