Amor? Não, acho que não…

“Escreve ao anjo da igreja que está em Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro: Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.” Apocalipse 2:1-5.

Esta carta, ditada diretamente por Jesus, foi destinada aos cristãos de Éfeso. Mas, pelo fato de estar registrada nas Escrituras, podemos concluir que suas lições também se aplicam a nós. E depois de ter lido várias vezes este trecho e ouvir várias mensagens sobre ele, na última vez que li um fato me chamou a atenção.

A igreja dos efésios é descrita como uma igreja que PARECE ser exemplo. Era uma igreja que tinha obras, trabalho. Que também teve paciência quando precisou, mas soube agir quando necessário. Não ficou indiferente à intromissão de falsos ensinadores no seu meio, mas colocou-os à prova e evidenciou-lhes a falsidade. Enfrentou tribulações pelo nome de Cristo e não desanimou, mas perseverou. Parece-nos uma igreja digna de ser imitada.

No entanto, o olhar penetrante do Senhor identificou a falha. Eles haviam abandonado o primeiro amor, aquele que sentiram no começo da carreira cristã. Não o amavam mais como antes.

Mas, como não? Não trabalhavam, perseveravam em lutas, permaneciam firmes nas doutrinas? Isso não era prova suficiente do seu amor?

Curiosamente, não. Digo “curiosamente” para nós, homens que não vêem o coração. Mas o Senhor Jesus é aquele que João descreve como tendo olhos de fogo. O Senhor Jesus é aquele que não vê os sete castiçais (símbolos, aqui, da igreja) distantes de Si, mas “anda no meio deles”, que tem as sete estrelas (símbolos dos líderes) na Sua mão direita. Ele os conhecia profunda e intimamente. E sabia que o que os movia a executarem tantas obras não era um amor sincero.

O que os motivava? Não sei. Talvez tradição de família. Talvez inveja – Paulo, na carta aos filipenses, fala de pessoas que pregavam o evangelho com inveja dele. Não sabemos; mas o certo é que não era o amor que Cristo esperava. E, irmãos, vejam o castigo sobre essa igreja: “tirarei do seu lugar o teu castiçal”. Não dá pra saber com certeza o que isto significa, se uma provação intensa, ou se até mesmo o “fechamento” da igreja naquela cidade. Mas seja o que for, é uma punição dura, talvez dura demais aos nossos olhos para uma igreja que trabalhava tanto.

Mas o Senhor não vê como o homem vê. O homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração. E se aparência não for movida por um coração, para nada vale.

Os mesmos olhos de fogo hoje miram o nosso coração, as nossas obras. Em I Coríntios 3:13, lemos que as nossas obras serão “manifestas pelo fogo”. Quando os olhos de Jesus vêem nossa vida, talvez a mesma vida louvada por irmãos, será que Ele se alegra?

Notem bem, não estou falando de alguém com “duas vidas”. Uma na igreja, e outra fora dela. Estou indo mais adiante. Falo de pessoas que têm apenas um padrão de comportamento, mas um padrão que deriva de qualquer outro motivo que não seja um sincero amor para com a pessoa de Cristo.

Ele nos conhece muito bem. Está no meio dos castiçais, no meio das igrejas, não distante. Sabe tudo o que se passa no nosso coração. O que ele vê quando olha pra nós? Amor? Tomara que sim.

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”.