Inserindo “no Reino” ou “o Reino”?

Era uma sala de Escola Dominical, a professora ministrava para adultos e o assunto daquele domingo era a santificação. Acredito que todos ali presentes entendiam a mensagem de Deus e até reconheciam que as verdades sobre a vida cristã não estavam sendo aplicadas no dia-a-dia de cada um como Deus gostaria, porém, uma afirmativa assustou a quase todos. “Alguns crentes cometem certos tipos de pecados que é melhor que ninguém saiba”, afirmou a professora e ainda continuou: “Porque até mesmo roubar alguns fazem” – o quê? Você deve imaginar os olhos arregalados com que todos ficaram ao ouvir aquelas palavras, foi então que uma das alunas questionou atônita: “Mas isso existe no meio cristão?” – “Sim, e como existe.”

Você ficou decepcionado com essas palavras? Creio que todos nós ficamos, contudo, o diálogo acontecido naquele domingo apenas revelou uma triste verdade dentro de nossas igrejas, a verdade de que estamos adoecendo. Glenn Wagner em seu livro “A igreja que você sempre quis” faz um questionamento muito sério. Segundo ele, há em nossos dias mais igrejas do que já houve em toda história da humanidade e o número de crentes aumenta a cada dia. Se isso é um fato, por que o cristianismo não está tornando o mundo melhor? Você já parou para pensar nisso? Quantas vezes ouvimos dizer que a solução para os problemas do mundo está em Cristo? Concordamos com isso, todavia o que vemos é algo bem diferente.

A igreja cresce quantitativamente, mas se perde quando o assunto é qualidade. Segundo Wagner, estamos ansiosos por “inserir as pessoas no Reino, mas não em inserir o Reino nas pessoas”, apoiamo-nos em metodologia humana e em técnicas, enquanto deveríamos nos apoiar no poder do Espírito Santo. A igreja cresce, mas a vida espiritual dos seus membros definha.

Muitos pastores estão preocupados em mostrar serviço e, para a maioria, serviço se resume em números. A qualidade de uma igreja tem sido medida pelo número de conversões e de batismos. E mais, se esses números não são alcançados, as igrejas convocam seus líderes para intermináveis reuniões. “Precisamos de uma solução”, afirmam. Desta forma, buscam modelos, copiam idéias que “no fim do mundo” deram certo, seguem tendências e se esquecem do verdadeiro Guia.

O resultado que contemplamos assusta, pois o tipo de crente que estamos acostumando a ver é aquele que estuda a Bíblia, vai às reuniões, tem interesse pelo conhecimento da Palavra, mas faz tudo isso apenas para defender sua fé ou para pregar mensagens eruditas, enquanto que a verdadeira motivação em conhecer a Palavra de Deus deveria ser o desejo de vivenciá-la. Assim, multidões de crentes têm vivido pela carne, praticando todos os pecados condenáveis, das quais um dia foram libertos por Cristo. E por isso cometem “a imoralidade sexual, a impureza, as ações indecentes, a adoração de ídolos, as feitiçarias, as inimizades, as brigas, as ciumeiras, os acessos de raiva, a ambição egoísta, a desunião, as divisões, as invejas, as bebedeiras, as farras e outras coisas parecidas com essas” (Gálatas 5:19-21 NTLH).

Precisamos mudar esse quadro, precisamos investir no discipulado, buscar alicerçar a fé dos que têm chegado a Cristo. Se você investe em evangelismo, muito bem, continue; o convite que faço é para que você invista também naqueles que já se converteram. Trabalhe para encher o Reino, trabalhe também para encher do Reino. A igreja precisa de crentes desejosos de aplicar a Palavra de Deus em suas vidas cotidianas, como o próprio Senhor Jesus disse em Lucas 6:47-48: “Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante. É semelhante a um homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se o rio contra aquela casa e não a pôde abalar, por ter sido bem construída.”

Ore comigo, clamemos a Deus por crentes assim, com alicerces firmados na Rocha, que possuam o Reino inserido em suas vidas, aí sim o mundo experimentará a renovação de Cristo e então os maiores problemas serão resolvidos. “Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre a terra sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu que foi grande a ruína daquela casa.” (Lc 6:49).