Amar é uma decisão

Amar não é uma reação, mas uma decisão por um sentimento.

“Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda. Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros.” ( João 15:14-17).

Quem ama decide amar. Isto é fato. Então, quero abordar esse assunto, ou melhor, escrever aquilo que enche meu coração neste momento e que livre e espontaneamente decidi praticar. Poderia, sem esforço algum, definir que o amor é uma afeição interna que se manifesta em comportamentos e ações para com os outros (1 João 3:16- 8). Que renuncia, cede, e abre mão pelo bem-estar do outro (Romanos 14:15). Não depende de ser correspondido, estando sempre disposto a sofrer o que for preciso, pois nunca se acaba (João 13:34,35).

O amor cristão não é uma reação, mas uma decisão. Assim como Deus não esperou que o amássemos para só depois Ele nos amar (1 João 4:10; Romanos 5:8), semelhantemente, devemos tomar a atitude de amar as pessoas, mesmo quando não somos amados. O amor, portanto, não é uma reação ao amor do outro, e sim, uma decisão unilateral. É uma atitude não por recompensa, por constrangimento, por medo do castigo, se não obedecer a esta lei, mas uma atitude espontânea prazerosa e gratificante (João 10:17,18), apesar de não ser opcional para nós, pois é um mandamento. É uma disposição que não é automática, mas natural e progressiva (João 4:14b; 7:38b; Efésios 4:13,15).

Em João 13:34,35, o Senhor Jesus, vendo que a sua morte se aproximava e sabendo que dispunha de pouco tempo para estar com os discípulos, deu-lhes o derradeiro mandamento: Que amassem uns aos outros. Essa ordem do mestre, refletida em quase todos os livros do Novo Testamento, é fundamental à vida cristã. Serve de base a todos os mandamentos recíprocos. Nada mais natural, então, do que estudá-lo em primeiro lugar.

Há alguns dias percebo que meus pensamentos se intensificam. Eis a razão de escrever sobre isso. A lida desenfreada tem sido uma forte aliada e contribuído para isso. Por exemplo: a urbanização nos torna completamente fechados e armados. Na tentativa de se defender do pilantra, do aproveitador, do oportunista, do 171, daquele que quer nos usar apenas para fins pessoais, acabamos por nos distanciar uns dos outros, e, por conseguinte, não desenvolvemos vínculos afetivos.

Além do mais, a urbanização faz com que o grau de relacionamento entre pessoas seja proporcional ao tempo que um elevador gasta para chegar no andar desejado; proporcional ao tempo que um ônibus leva para chegar na parada desejada; proporcional ao tempo que sobra da correria frenética e alucinante da vida urbana. No que diz respeito ao consumismo, ele acaba por reproduzir um estilo de vida que nos leva a descartar algo em detrimento da última novidade lançada pelo mercado. E, por conta disso, com a mesma facilidade que trocamos de sabão em pó, de relógio, de carro, de cor de cabelo, de visual, de profissão, trocamos, também, de relacionamentos. Basta olhar as tristes estatísticas: em cada dez casamentos, sete terminará em divórcio. Isso em menos de dez anos. Apenas aqui no Brasil. O rol de membros de uma igreja muda significativamente a cada ano. E o padrão do consumismo: descartar as coisas e as pessoas por causa da última novidade do mercado.

Não quero com isso tornar desse simples texto uma verberação. Mas apenas alertar o que rege esse processo de substituição de valores nobres do cristianismo. Por assim crer, em outro tempo alguém disse com muita propriedade: “a igreja é, talvez, o único exército em que não se cuida de seus feridos”. Esse não é um problema novo, pois Paulo manifestou preocupação semelhante com o estado de coisa desse tipo que ocorria na igreja de Corinto. Por conta disso, ao escrever a essa igreja sobre os dons espirituais, menciona o objetivo dos mesmos: “… afim de que, não haja divisão no corpo, mas, sim, que todos os membros tenham igual cuidado uns pelos outros” 1 Coríntios12: 25.

Repensar nesse assunto pode ser um breve retorno, ou início de novos relacionamentos.