Pensando com o coração

“Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.” 1 Coríntios 13:11-13

Pode parecer uma simples impressão leiga e uma observação inconseqüente, entretanto, percebo uma sobrecarga de emoções nas pessoas que sofrem por fatos e eventos inesperados. De súbito somos surpreendidos com o imprevisível que chega à nossa mente e coração. Somos uma máquina que registra tudo. Na verdade, usamos o que aprendemos no decorrer da vida. Tentamos controlar e regular as peças de engrenagem dessa máquina para executar o “trabalho” cadencialmente. Às vezes, as experiências do cotidiano causam desconstruções em nosso interior… como fluxo de uma descarga de energia. Nosso corpo perde o compasso e a mente se desorganiza. Diante dessa complexidade, como gerenciar essa estrutura chamada mente? Como administrar os pensamentos? Até que ponto as emoções interferem nas decisões que tomamos evidenciadas pelo descontrole das experiências vividas?

O psicólogo cristão, Cecil Osborne, afirma que “a personalidade consiste em quatro quintos de emoção e um quinto de intelecto. Embora nossas decisões sejam feitas à base de 80 por cento de emoções e 20 por cento do intelecto, é o intelecto que responde pelo desencanto das emoções emotivas.”

O Rev. Tércio Machado Siqueira, também, faz alguns comentários bastante elucidativos sobre o assunto:

    O Antigo Testamento considera, incorretamente, o leb, coração, como órgão que comanda e regulamenta o psico-fisico (mente e corpo) do ser humano. Além de ser o órgão físico central. O leb, coração é, basicamente, o centro da atividade intelectual do corpo. Para entender tudo isso, tomemos alguns exemplos: primeiro, o coração é o lugar da mente humana: “ Dá(…) um coração/mente” (1Rs 3:9); segundo, o coração é o lugar da sensibilidade e da emoção: “Alivia-me as tribulações do coração” (Sl 25:17); terceiro, o coração é o lugar do desejo e da vontade: “Satisfaze-lhe o desejo do coração” (Sl. 21.2); quarto, o coração é o lugar do intelecto e da racionalidade: “O coração do sábio é mestre de sua boca e aumenta a persuasão …” (Pv16:33); e quinto, o coração é o lugar da consciência: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro…” (Sl 51:10). Apesar dessa definição não estar apropriada às condições da ciência moderna, ela nos deixa uma excelente lição: não há dicotomia (divisão) entre o físico (corpo) e a mente (espírito).

“Como um é cada qual”, confesso que nesse aspecto ainda não compreendi plenamente a dimensão tricotômica corpo/alma/espírito e a dicotômica corpo/alma, mas sem dúvida alargou gradativamente meu campo de entendimento. Mesmo depois de utilizar (como dizem os psicólogos) minha terceira capacidade de desenvolvimento, que é o pensar, almejo, intensamente, exercitar a capacidade inerente de escolher. Afinal, amar é uma decisão.