(Não) olhe, (não) pense, (não) faça!

O ócio é uma coisa estranha. Acabei de me formar e agora com o diploma embaixo do braço estou à procura de emprego. É ruim ficar à toa (meu temperamento elétrico odeia), mas tem sido um tempo proveitoso no que se refere a rever algumas coisas na vida, principalmente na vida com Deus.

Uma dessas coisas que tenho parado para pensar é o valor que damos aos problemas da vida. Você já parou para perceber que passamos a maior parte do nosso tempo pensando em como resolver problemas? Eles grudam igual chiclete no nosso sapato e, cada vez que damos um passo, ouvimos aquele “tleck” gosmento meio que dizendo: “Você não vai conseguir andar pra frente enquanto eu estiver aqui!”. Mas creio que eles não merecem tanto espaço na nossa vida. Não merecem ser tão valorizados assim.

Quanto mais olhamos para os problemas, maior eles nos parecem. Quanto mais pensamos neles, mais insolúveis parecem. E quanto mais mexemos nossos pauzinhos, mais emaranhadas as situações ficam.

Não quero incentivar ninguém a fugir dos seus problemas e nem esquecer de buscar a solução para eles. Não acho que isso seja saudável emocionalmente. Mas também não é saudável espiritualmente tentar resolver seus problemas sozinho.

Primeiro, porque existe a igreja. Uma comunidade onde, quando nos dispomos, experimentamos o cuidado de Deus pelas mãos de homens e assim fica mais fácil mudar o olhar, o pensamento e as ações na direção de Deus. O que certamente servirá de testemunho para os de fora, mas também para nós, porque quando estamos sufocados em meio aos problemas, temos a “quase certeza” de que Cristo sumiu. Foi resolver umas questões mais urgentes e se esqueceu de nós. Eu só entendo que isso é mentira quando vejo no olhar e nas atitudes dos irmãos algo que só poderia partir da fonte amorosa de Cristo.

Segundo, porque ninguém que tenha estado com Cristo, saiu da Sua presença de mãos vazias. Lendo a história dos dez leprosos, em Lc 17: 11 a 14, algo maravilhoso me chama atenção. Eles rogam a misericórdia de Cristo, visando a resolução do seu problema (a lepra), e Cristo, ao invés de curá-los, diz: “Vá aos sacerdotes”. O texto não traz nenhuma evidência de que eles coçaram a cabeça e pensaram: “Por que ir aos sacerdotes?” ou “Então Jesus, a gente até pode ir, mas dá pra nos curar primeiro?”. Não! Eles simplesmente foram, e, enquanto iam, foram curados.

Não tem como sair da presença de Deus sem uma solução para o seu problema, mesmo que a solução seja “Continue andando!” Ou – “Continue vivendo! Não prenda seu olhar aos problemas”.

Quando nós valorizamos demais os problemas, nosso coração se enche de ingratidão e ficamos parecendo o povo no deserto, que, mesmo acabando de ser liberto da escravidão do Egito e recebendo alimento do céu, teve coragem de chamar o maná de comida miserável (Nm 21) e de construir um deus de ouro (Ex 32).

Deus não deixa de ter atitudes de misericórdia para com você, mesmo que você seja infiel porque Ele não pode negar Sua fidelidade, mas se você estiver sensível a olhar, pensar e agir na direção de Deus esperando, enquanto a vida segue seu curso, experimentar as respostas de Deus aos seus problemas, você receberá não só soluções, mas bênçãos, como aquele único leproso que foi curado (como os outros nove), mas voltou agradecido (como nenhum dos nove) e recebeu a salvação. Algo que certamente tem um valor muito maior do que a cura de uma lepra.

Um jargãozinho muito real pra encerrar:

“Não fique olhando para o tamanho do seu problema, mas diga a ele o tamanho do seu Deus”.

Sigam em frente!