O Daniel, o Jaime, eu e Deus

“Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.” Tiago 3:17.

Havia acordado inquieto. Um coração preocupado com recentes fatos perturbadores; muita tribulação particular e de amados irmãos fez com que ficasse até tarde lendo a Bíblia e orando. Um sonho desconfortável e sem explicações completava o quadro da segunda-feira recém apresentada a mim ao abrir os olhos, e que prometia, pelo menos, desânimo no decorrer dela. Como minha manhã estava ausente de compromissos profissionais, resolvi ficar deitado. Novamente A inquietação. Novamente o quebrantamento. Tristeza e alegria guerreavam dentro de mim. Orei. Orei mais e mais. De novo e de novo. Aos poucos, os soluços cessaram e pude ouvir uma música que tem me dado muita motivação nos últimos dias, chegando da rua aos meus ouvidos: “Como um farol que brilha a noite, como águas sobre a ponte, como abrigo no deserto, como flecha que acerta o alvo, eu quero ser usado da maneira que te agrade, eis aqui a minha vida, sonda-me Senhor, usa-me…”. Não hesitei e de joelhos sobre a cama abri a janela para ver, logo abaixo, dois catadores de papel empurrando seus carrinhos pela rua em frente ao meu prédio. Um aparelho de som fixo em um dos carrinhos estava sendo usado pelo Senhor para mostrar o que deveria fazer: levantar-me e deixar com Ele as preocupações. Foi o que fiz! Levantei-me, e orei por muito tempo. Deixei tudo com Ele, mais uma vez.

Pouco depois, troquei de roupa, peguei a bolsa e ganhei a rua. A inquietação já havia ido embora e meu semblante estava diferente, tão diferente que muitas pessoas sentiam isso em mim quando passavam ao meu lado e me olhavam. Ao perceber isso, retribuía com um sorriso e uma oração em silêncio para elas. Muito mais adiante, qual foi a minha surpresa quando o mesmo estilo de som que me tirou do sono espiritual horas antes chegou aos meus ouvidos novamente. Eram os dois catadores que haviam passado em frente de casa. Não me contive e aproximei-me. Ambos estavam sentados de frente a uma das avenidas mais movimentadas de São Bernardo. Pedi licença, cumprimentei-os e iniciamos uma conversa. Chamavam-se Daniel e Jaime. O primeiro (e dono do carrinho com o som) congrega numa igreja próxima à minha enquanto que, o segundo, está afastado do Senhor. Era obreiro e caiu em pecado. Conversamos por mais de meia hora e foquei minha atenção no Jaime dizendo o quanto Deus o ama e está disposto a perdoá-lo. O quanto Deus o quer de volta e que o Mestre dos Mestres tem grandes planos para ele. Senti o desejo de orar e juntos, oramos ali mesmo, em plena avenida. Quando abri os olhos, as lágrimas desciam suavemente dos olhos de Daniel. Carinhosamente abracei-o, e depois o Jaime que também pareceu tocado pelo momento. Os dois me disseram que aquela foi uma das mais incríveis experiências que já passaram, não só concordei como também reconheci a presença de Deus no comando da situação.

Vejam só, um dia parece estar perdido e triste. A tribulação parece querer nos engolir a tal ponto de sentirmos até o rugido do leão bem próximo, e aí eis que surge o Senhor, para salvar o que está perdido, carregar-nos em Seus braços diante da tribulação e afugentar o leão para bem longe. Devemos sempre ter em mente que o Senhor não nos abandona e não nos entrega ao inimigo. Saibam, meus amados, que todos vocês são especiais para o Senhor e Ele não deixará, nunca, que sequer um fio de cabelo caia sem a permissão dEle. Confiem, entreguem, alegrem-se e aguardem…

A Ele, toda honra e glória… sempre!