Fruteira cheia

“O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos.” II Timóteo 2:6

Nunca me esqueço de uma visita que fiz à família de um administrador de uma fazenda, no interior de São Paulo. Além de ser uma fazenda muito bem administrada, não pude deixar de notar que a sua casa, no estilo açoriano do século XVI, estava decorada com móveis coloniais, mantendo assim a cultura da época.

Mas o que mais chamou a minha atenção foi a fruteira sobre a mesa no centro da copa cozinha. Não se tratava de uma fruteira comum que encontramos todos os dias nas casas e apartamentos das cidades, e sim de uma “quitanda”, pois nela, encontravam-se vários tipos de frutas e legumes. Era impressionante a fartura e a beleza daquela fruteira cheia.

Não pude deixar de apreciar os móveis e a decoração de toda casa, mas aquela fruteira encheu meus olhos, pra não dizer que encheu de água a minha boca. Não pude deixar de elogiar a dona da casa, quando, cheia de orgulho, ela disse – essa fruteira cheia é a recompensa do trabalho dos nossos lavradores, e antes de ir pra feira, vem para as nossas mesas.

Ao meditar no ensino de Paulo a Timóteo, imediatamente me lembrei daquela fruteira cheia, e da satisfação daquela senhora, pois Paulo queria mostrar a seu filho na fé e discípulo, que não só de sacrifícios, lutas e lágrimas vive um servo de Deus, mas também, da enorme alegria e satisfação de ter na história de sua vida uma “fruteira cheia” de vidas levadas a Cristo.

Trata-se de um consolo, de um encorajamento, de um chá de ânimo, pois, realizar a Obra de Deus é trabalho forçado, e, muitas vezes solitário e incompreendido. E quando estivermos desanimados, decepcionados ou enfraquecidos, não podemos nos esquecer das palavras de Paulo e também das palavras do salmista que dizia: “Os que com lágrimas semeiam, com júbilo ceifarão.” Salmo 126:5.

Por outro lado, Paulo quer deixar claro, também, que, para podermos ter a satisfação de uma fruteira cheia, precisamos trabalhar, e trabalhar muito. Se ficarmos de braços cruzados, os frutos não virão, e aí, então, teremos muito mais motivos para lamentar e chorar, quando virmos nossas fruteiras vazias e sem nenhuma graça.

Após nos fazer pensar no soldado, no atleta e, agora, no lavrador, Paulo faz um convite a cada um de nós a pensarmos bem na consagração, no esforço, no sacrifício, e na satisfação – “Pondera no que acabo de te dizer”. (vs. 7a).

Em seguida, ele nos convida a olhar para o exemplo do nosso Salvador, e do seu próprio sofrimento em pró da defesa da verdade.

Não estamos sozinhos em nossa luta, em nossa jornada, nem em nosso trabalho. Além de Jesus estar conosco, outros servos espalhados por esse mundão afora também estão nessa, trabalhando muito e enchendo suas fruteiras!