Confissões de um ex-crente Halley

Lembra daquele cometa?

Pois é, se você estava buscando a personificação, ei-lo aqui. Não é fácil ter um passado como o meu. Só de pensar que já brinquei com os céus como faz o cometa, que passa garboso, nem se importa com a reação do público, pois sabe que, quando voltar, todo mundo estará na mesma posição de cabeça para cima esperando que ele brilhe de novo. Só que o Halley não vê a mesma geração o contemplar, mas eu, um ex-viciado em idas e vindas, via as mesmas expressões de alegria em ver o Halley reestabelecido tentar brilhar outra vez.

Quantos projetos de sonho eu joguei fora! Quanta chance de amar, ser livre e ser amado eu perdi!

O pior é que nesse estado você acaba acostumando e esperando a próxima diáspora inter-estelar. Mas todo cometa, tem seu dia de estrela cadente.

Quando um crente professo decide, por si só, abandonar o barco, ficar à deriva, sendo empurrado pra lá e pra cá, o capitão desperta e urra: “ou vai ou racha, meu filho!” “Escolha meu servir, ou vou ter que te dar um castigo muito pesado, marinheiro”.

Estou confessando que fui um Halley não para ganhar algum “brilho a mais” como um ser estranho, mas porque existem, na igreja, muitos cometas adormecidos, que não querem nada com o céu. Por favor, não façam isso.

O calor do cosmos me pegou, e tal foi a sua temperatura, que eu apaguei. Deixei de ser um Halley. Jesus disse assim pra mim:” meu filho, agora ou vai, ou racha”, eu escolhi ir. Não sou, nem mais serei alguém que apareçe para dar um oi, mas sou e serei para sempre um servo, que sabe a hora certa de aumentar a sua luz.