A submissão que Deus procura

Um dos meus capítulos prediletos das escrituras é Romanos 8. É como se Paulo estivesse sintetizando tudo o que há de bom no fato de sermos cristãos. Ele descreve a nossa glória futura, as nossas vitórias no presente, e até se arrisca compondo o hino da vitória. Quantos hinos nós conhecemos que foram inspirados a partir destas frases profundas do apóstolo.

Mas aí vem o capítulo 9, e Paulo começa a nos dizer que temos privilégios, mas também responsabilidades, e uma delas, talvez a mais difícil, chama-se submissão. O apóstolo foi incisivo no versículo 21 quando questiona: “Ou não tem o oleiro poder sobre o barro…?”.

Você já viu um oleiro trabalhando? Fico impressionado com o trabalho destes profissionais. Para eles, uma boa obra de arte começa na escolha do barro a ser utilizado, passando pelo processo lento de construção, desconstrução, e novamente construção, e só termina quando o objeto é submetido a altas temperaturas para provar sua resistência.

Todos nós experimentamos este processo em nosso viver cristão. Quando o mundo nos via apenas como barro, Deus viu em nós a matéria-prima para a construção de uma obra de arte e investiu em nós tudo o que tinha, o seu único Filho, porque quando Deus olhou pra você, Ele fechou os olhos para sua condição presente, e vislumbrou que vaso maravilhoso você seria no futuro.

Fico imaginando a reação de Deus quando nos colocou sobre as “rodas da graça”, aquele montinho de barro, e assim que começou a modelar a nossa vida, nós começamos a lhe dar ordens, a lhe dizer o que queremos que Ele faça: “Deus me faça assim e assim. Não há nada para ser feito nesta área da minha vida, deixe como está. Já chega, está bom deste jeito”.

Se há uma virtude que me admira em um oleiro é a paciência. Muitas vezes, enquanto presenciava o trabalho de algum deles, ficava sem palavras quando via um monte de barro criar forma e se transformar em um lindo vaso. Quantas vezes, quando o vaso parecia estar pronto, o oleiro metia as mãos e transformava aquilo tudo em barro novamente para começar do zero. Dá vontade de mandar parar, mas Ele sabe o que faz.

Tenho certeza que você já teve sensação semelhante em sua convivência com Deus. Quando as coisas pareciam estar perfeitas, quando os seus sonhos estavam a um passo de se concretizar, seu ministério de vento em polpa, foi tudo por água abaixo. Neste momento dá vontade do barro discutir feio com o oleiro, não é verdade?

Deus sabe o que faz e seus planos não podem ser frustrados. Paulo nos leva a entender que as promessas do capítulo 8 estão condicionadas a esta submissão exigida no capítulo 9. Temos que entender nossa posição, pois somos apenas barro, e o barro por si só não tem méritos para ser apreciado. Mas pela graça, estamos nas mãos de um oleiro que sabe a resistência exata que temos, e não nos provará mais do que possamos resistir.