Fim-de-semana sem fim

Amigos, segunda-feira é a minha diferença. Não chegaria a citar o Garfield, que diz “detestar” este dia. Mas que é dureza começar uma semana de trabalho, isso é. Até para escrever esse nome é complicado. Digito “segunda-feira”, assim, com letras minúsculas. O Word conspira contra esse dia, e fica corrigindo para “Segunda-feira”. Tenho que voltar e alterar o “s”. Que estresse… Pensando bem, este é o melhor dia da semana. Porque é o dia mais distante da outra segunda-feira…

Ah! Se a vida fosse um eterno domingo! Ou pelo menos um sábado à noite. É quando a gente se reúne com a igreja, tem aquele tempo de comunhão, de louvor e de ouvir de Deus. A gente vai para um lugar (que pode ser um templo novo ou antigo, um galpão, uma loja ou uma fábrica antiga) onde o povo de Deus está, a presença dele se manifesta e você não quer mais sair dali. Você chega em casa muitas vezes depois das 23h00, mas está leve, feliz, seu peito está ardendo. Na realidade, você não queria ter saído dali. E começa a desejar pelo próximo momento em que isso vai acontecer. A Palavra é aberta, e você é edificado pelo uso dos dons daqueles que o exercem para seu crescimento. Último domingo, terminamos nosso ajuntamento sendo exortados a descansar na segurança eterna da nossa salvação, coisa que alguns até hoje insistem em negar. Puxa, só estaremos juntos de novo no próximo fim de semana (ou como preferem os internautas, simplesmente “findi”).

E aí você fica pensando: parece que a gente só é feliz de sábado e domingo, e isso ainda quando ir às reuniões da igreja não se torna uma mesmice desgastante e sobressaltada. Isso quando a gente pode se reunir para celebrar a Deus em liberdade, espírito e verdade, e não através de meras tradições.

O problema está aqui. A vida cristã não é boa somente nos fins de semana. Ali é só um momento em que Deus se manifesta, se revela. Ali é só um clímax, a explosão de corações que entraram em ebulição de segunda a sexta. O ajuntamento das pedras vivas, que não nascem naquele momento e depois morrem. Até porque isso é a religião do hedonista, vulgo “baladeiro”: sexta à noite começa o embalo, madrugada à dentro, sábado idem. Domingo aquele churrasquinho, porque ninguém é de ferro. Só assim ele consegue ver prazer na vida.

Não! Recuso-me a transformar meu cristianismo em coisa semelhante. Recuso-me a permitir que a minha igreja transforme-se no substituto puro e simples da boate e das noitadas. Recuso-me a aceitar que eu só estou ali porque “sou crente” e “crente não vai a esses lugares”. Preciso estar junto com o povo de Deus porque isso é fruto da minha vida com Deus. Os maravilhosos fins de semana devem ser para mim apenas uma extensão da maravilhosa semana. Mesmo que eu tenha que enfrentar um chefe rancoroso e injusto de segunda a sexta. Mesmo que os dias estejam entre o hospital e as consultas médicas. Mesmo que esteja difícil manter as contas em dia. Mesmo que meu filho esteja rebelde. Mesmo que a vida pareça mais difícil para mim do que para meu vizinho ímpio.

Quando eu conseguir experimentar isso, não fará diferença se o dia que estou vivendo é segunda ou terça ou sexta ou domingo. Minha vida será um eterno fim-de-semana.

Pensando bem:

“Quando não há culto na vida, não há vida no culto” Caio Fábio