A fragilidade dos projetos humanos

Meses atrás uma cápsula espacial lançada pela sonda norte-americana “Gênesis”, sofreu um acidente ao chegar à superfície da Terra. A cápsula, que trazia partículas solares, chocou-se contra o solo no deserto de Utah, Estados Unidos. O procedimento de descida previa a redução de velocidade da cápsula por pára-quedas e o resgate por helicópteros. E, pasmem vocês, pilotos dublês, que trabalham em cenas perigosas em filmes hollywoodianos foram encarregados de “fisgar” o pára-quedas durante a descida, para impedir que a cápsula batesse no solo. Mas o pára-quedas não abriu e o impacto foi tão grande que a cápsula ficou quase completamente enterrada no solo depois de ter atingido uma velocidade de aproximadamente 160 Km/h.

Desculpem-me os americanos, mas isso foi um verdadeiro “tiro no pé”. Com a cápsula, apesar de os cientistas dizerem que a missão não foi completamente perdida, foram enterrados duzentos e sessenta e quatro milhões de dólares. É, minha gente, constrangimentos como esses só vêm nos lembrar o quão frágeis são os projetos humanos. A gente faz planos, estabelece metas, traça objetivos, mas muitas vezes um pequeno detalhe, um pára-quedas que não abre, fez ruir nosso orgulho e a nossa sensação de soberania.

Nós cristãos não admitimos que agimos confiando em nossos próprios recursos, mas nossas atitudes nos traem e nosso discurso nos trai. Senão vejamos, qual é a primeira coisa que você faz quando enfrenta algum problema? Você toma alguma providência, dá algum telefonema, consulta seu limite no banco, marca uma reunião, procura um empréstimo ou você ora? Quando você pensa em fazer uma viagem, você diz: “Se Deus quiser ou eu vou”? Você costuma orar para que Deus abençoe os seus planos ou para que Ele coloque em seu coração os planos dEle?

O que geralmente acaba acontecendo é que fazemos nossos planos e depois clamamos pela bênção de Deus. Nós invertemos o processo porque, no fundo, no fundo, a gente crê que os nossos planos são melhores que os planos de Deus. E nós não queremos que Deus seja um estraga-prazeres.

Aí, confiando em nossa própria capacidade e excluindo Deus da função de fazer nascer a vontade dEle em nossa vida, nós vamos levando nossos pobres planos do jeito que achamos melhor, confiando em nossas limitadas e defeituosas capacidades e, na hora crítica, o pára-quedas da nossa prepotência não abre e nem os ridículos dublês de Deus, chamados num ato desesperado, podem salvar a situação. O fim disso é que os nossos recursos e os nossos objetivos ficam enterrados. Não totalmente, mas com uma parte exposta para que todos vejam a nossa vergonha e o nosso fracasso. É um “tiro no pé”.

Mas seria tão melhor se Deus estivesse na nascente dos nossos planos e sonhos. Seria tão melhor vivermos na dependência da providência do Pai, confiando apenas no Pai. Seria tão melhor se ouvíssemos o aviso que Deus nos dá em Tiago 4:13-16: “Ouçam agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro”. Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna.”

por Clóvis Jr.