O que mais você quer?

O ser humano sempre foi e sempre será um insaciável. Deus nos fez assim. Desde o incrível momento em que o nosso Criador soprou nas narinas de Adão o fôlego da vida, a humanidade começou uma marcha ininterrupta para a eternidade. E todos os nossos conceitos, ações, intenções são fundidas no forno da interminabilidade da alma humana. Por isso é que a gente não se completa com os alvos transitórios. Eles são o fim de alguma busca. Mas nós não fomos moldados para nos conformarmos com coisas que acabam. Aliás, nem mesmo fomos feitos para morrer. Fomos criados para a vida eterna.

Por isso, a letra da antiga canção dos Titãs de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto está coberta de razão quando diz: “A gente não quer só comida, a gente quer comida diversão e arte… Você tem sede de quê? Você tem fome de quê? A gente não quer só comer, a gente quer prazer pra aliviar a dor. A gente não quer só dinheiro, a gente quer dinheiro e felicidade. A gente não quer só dinheiro, a gente quer inteiro e não pela metade”. Isso é a honesta expressão do sentimento que embala a alma humana.

Os seres humanos somos todos realmente insaciáveis. Mas não sempre. Fomos criados para alçar altos vôos, para termos grandes ambições, para não nos conformarmos com o trivial, com o básico e o ordinário. Nós sempre queremos mais. Mesmo quando não admitimos, no fundo, no fundo, queremos sempre mais. Mas não sempre.

Dia desses estava assistindo o desenho “Mogli, o menino lobo” com o meu filhinho de três anos de idade. Se você ainda lembra, um dos personagens mais importantes da história é o urso Balu. Balu era, na verdade, um bonachão, o malandro da floresta, gordo e despreocupado da vida. Ele cantava uma música que dizia: “Somente o necessário. Somente o necessário. O extraordinário é demais. Tudo o que preciso é somente o necessário. O extraordinário é demais”.

Sabe que, apesar da introdução acima, muitos são como o urso Balu e contrariam a sua gênese. São pessoas que se contentam com o pouco, não porque aprenderam a viver com a simplicidade (isso também é virtude), mas porque já perderam a ambição pelo extraordinário. Não porque sabem “viver contentes em qualquer circunstância”, como o nosso irmão Paulo (Filipenses 4: 2).

Quando isso ocorre na nossa relação com Deus, os resultados são danosos e sempre resultam numa vida cristã morna, acomodada, sem grandes lutas, sem grandes entregas, sem paixão infinita, sem grandes pedidos para Deus, sem ambição pelo infinitamente mais que Deus tem para nos dar (Efésios 3. 20). Depois disso a gente vai perdendo o apetite evangelístico, o prazer da adoração, a intenção da vida santa e começa a parar de sonhar os sonhos de Deus, que de ordinários, é bom que se diga, não têm nada. Os sonhos de Deus são do tamanho do Seu poder. Quando ansiamos por algo extraordinário, estamos apenas seguindo a trilha que Deus desenhou em nossos corações. Ele mesmo nos programou para sermos assim.

Quando nos conformamos com o pouco, deixamos de desejar o “muito mais abundantemente” que o Senhor quer nos dar. Eu não me refiro às bênçãos materiais. Porque isso também é muito pouco. Há outros objetos de desejo que devem ser muito mais ansiados por nós, filhos do Deus Altíssimo. Nós devemos desejar ver Deus derramando o Seu poder em profusão entre nós. Devemos sonhar com as multidões se curvando e reconhecendo que Jesus Cristo é Senhor através da nossa pregação. Devemos ansiar presenciar os grandes milagres do nosso Pai de amor diante dos nossos olhos. Devemos sonhar com o infinitamente mais do que pedimos ou pensamos.

Por isso, meu irmão, minha irmã, desengavete seus sonhos, volte aos pés do Mestre, reencontre o prazer de conhecer a Deus e prosseguir em conhecê-Lo, cada vez mais, até que o tempo da sua peregrinação na terra termine. Experimente ousar para conquistar para o Reino de Jesus. Não descanse até experimentar a grandeza das revelações e do magnífico poder de Deus para a sua vida.

Porque, como desejamos pouco, recebemos pouco. Como desejamos pouco, nossas ações nunca são atos de fé verdadeira. Como desejamos pouco, acabamos enxergando até Deus como se fosse pequeno também. Os sonhos pequenos não podem terminar em grandes vitórias. O ordinário não pode oferecer a satisfação que somente as grandes conquistas espirituais são capazes de oferecer.

Quem conhece a Deus de fato, não se conforma com pouco. Quem já bebeu da água da fonte não se contenta mais com qualquer biquinha de água pouco confiável. O cristão deve ter anseios gigantes, enormes, amplos e que façam jus ao tamanho do Deus que plantou em nossas almas a centelha da eternidade.

por Clóvis Jr.