Cinco meses por cinco minutos

Para escrever este texto como Deus tem colocado no meu espírito, tenho que revelar um segredo (não conte a ninguém rs). Tenho um amor, eu o chamo de Grande Amor Impossível. Não tenho o amado, mas tenho o amor. Não tenho a companhia, mas tenho o amor. Não existe nada além do amor. O fato é que há cinco meses tenho orado e buscado ao Senhor, pois não quero viver iludida e pedi muito para que pudesse vê-lo novamente e, pra minha alegria, Deus me respondeu. É tão bom quando Deus nos responde! A gente se enche de alegria e fé e todas as dificuldades ficam pequenas. Os meses de choro e pranto nem parecem tão árduos e tudo fica maravilhoso! Nesse clima de vitória, fui correndo contemplar minha resposta de oração, afinal tinha idealizado este momento há tanto tempo e tudo que eu tive foram cinco minutos de atenção partilhada. Cinco meses de dedicação e joelho no chão por cinco minutinhos!! Fiquei inconformada! Vi meu sonho indo embora feliz e contente com pessoas que não lutaram para que ele estivesse ali, que não derramaram uma lágrima em intercessão, que nem sequer esperaram por ele.

Como entender isso? A resposta vem e você se frustra. Fica tão sozinha depois da resposta quanto estava antes, tão confusa que nem orar se conseguia mais. Foi aí que me lembrei de duas pessoas que vi nestes filmes que passam na páscoa. Um homem que segura um bebê no colo e diz “Agora despede seu servo em paz, pois meus olhos já viram a salvação de Israel” e uma mulher que vê este homem dizer estas coisas e saí adorando e contando pra todo mundo. Encontrei essa história em Lucas 2. Trata-se de Ana e Simeão. Ele era um homem movido pelo espírito, que esperava ver a salvação de Jerusalém para assim poder descansar em paz. E tudo que ele teve foi alguns momentos com um bebezinho no colo. Será que essa era a resposta que ele esperava? Já a profetisa Ana mal contemplou a resposta. Ela era viúva, avançada em idade, viveu com seu marido apenas sete anos e a Bíblia diz isso sobre ela: “… Esta não deixava o templo, mas adorava noite e dia em jejuns e orações” (v. 37). O que será que Ana tanto buscava? Qual resposta ela esperaria diante de tanta dedicação? Ou melhor, que tipo de resposta ela merecia diante da renúncia que ela apresentava por amor a Deus? Ela tinha um sonho e o buscava em todo tempo.

Nós muitas vezes, por conta de algum jejum, alguns dias de orações, ou de tempo devocional diário, nos achamos tão dignos de respostas e estufamos o peito para dizermos: “Não é assim Deus! Faça direito o que eu pedi!”. Estou envergonhada por ter agido assim. Nem todas as orações do mundo me fazem merecedora de uma resposta. Ana sabia disso e eu estou aprendendo com ela. Quando Ana entrou no templo, ela viu Simeão profetizando e ali bem diante de seus olhos estava a resposta de quase oitenta anos de oração. Aquela criança era o Messias. Ana podia ter corrido, pegado o bebê no colo, conversado com Maria ou até mesmo questionado a Deus, pois não era exatamente um bebezinho que ela havia pedido. Talvez pela sua idade ela nem veria a redenção de Israel, mas ela não fez nada disso: “…E chegando naquela hora, dava graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam pela redenção de Jerusalém” (v. 38).

Não importa como Deus nos responde. O que importa é que Ele responde! Ana foi agradecer, pois tudo que ela queria era ser ouvida, era saber que cada palavra dita diante de Deus não é em vão. Infelizmente nos prendemos tanto ao que pedimos que nos esquecemos dAquele que nos ouve. Ele é quem sabe a melhor maneira de nos responder, não exatamente como queremos para não nos gloriarmos e sem ignorar o que nos agrada porque é nosso Pai. Ana viu seu sonho por alguns segundos que, por sua atitude, valeram por todos os anos de oração. Ela não era a única que esperava uma resposta, então saiu a dizer a todos sobre o menino, como quem diz: Deus ainda nos responde!

Se você está buscando algo em Deus, tenha a certeza que sua resposta vem! Não desista e ela será exatamente o que você precisa, não o que você quer. Depois que me lembrei de Ana, Simeão e tantos outros que dedicaram suas vidas por uma resposta que nem puderam vivenciar, entendi que meus cinco minutos valeram cada lágrima que derramei e que faria tudo novamente, pois através daqueles olhos tão lindos pude ver meu Deus me dizendo: “Eu te respondo, Eu te escuto, Eu sou contigo!”

por Érika Silva Santos