Um dia com Jesus

Frequentemente somos desafiados a sermos como Jesus. Dominicalmente somos instruídos que devemos imitar Jesus Cristo, seguir seus passos, deixá-lo viver em nós. A partir daí cada um de nós procura um de seus atributos. Uns preferem espelhar a santidade de Cristo, outros escolhem sua comunhão com o Pai, outros a sua vida de oração. Fragmentamos os atributos do Senhor de tal forma que possamos nos orgulhar de algo em que podemos “imitá-lo”. Nos esforçamos tanto para sermos parecidos com o Filho de Deus, que nos esquecemos de ser simplesmente como Jesus, o homem de Nazaré.

Tenho analisado a vida divina de Jesus e também a sua vida humana. Tenho percebido que é impossível separar sua divindade de sua humanidade e que o maior desafio de ser Deus residia exatamente na sua humanidade. Como compreender que o eterno limitou seus dias a 33 anos nesta terra? Como entender que o dono do universo se limitou a um corpo infantil? O maior desafio de Cristo estava em ser Deus e conter essa divindade não usando-a para seu próprio prazer. A questão que levanto é: Temos desafiado nossos ouvintes a imitar a divindade de Cristo, mas, temos ensinado com nosso testemunho e nossas palavras que sejam humanos tanto quanto ele foi? O que seria passar um dia com Jesus?

Se pudéssemos ter acesso à agenda de Jesus o que encontraríamos nela, quais seriam seus compromissos? Visitar um paralítico que há 38 anos está abandonado em um hospital a céu aberto chamado Betesda; ouvir 12 anos de sofrimento de uma mulher acometida de uma doença preconceituosa e estimular-lhe a fé; aconselhar uma mulher apegada às suas tradições e de coração ressecado pela indiferença, para que encontre a fonte de água viva; consolar duas irmãs em um lar enlutado de Betânia; estimular um cego de nascença, já sem reação e esperanças, a reagir em busca de dias melhores; após o trabalho, esperar um crente derrotado por Satanás e afastado da comunhão para dizer-lhe que Deus o ama e quer perdoar seus erros e dar-lhe responsabilidades, um recomeço.

O que me chamou a atenção em alguns destes encontros de Cristo com estes personagens foi que Jesus chegou e saiu sem revelar sua divindade. As pessoas com quem ele se encontrou disseram ter encontrado com “um homem chamado Jesus” (João 5.11; João 9.35,36).

Sem dúvidas a vida humana de Cristo teve um papel importante na confirmação de sua divindade, fato que levou a multidão a considerar que a principal diferença de seu ensino para o dos fariseus é que ele ensinava com autoridade. Lucas ressalvou no livro de Atos o princípio de Cristo para um ministério de poder quando afirmou: “… a respeito das coisas que Jesus começou não só a fazer como a ensinar”.

Meus irmãos, é nas coisas mínimas que Deus revela o atributo divino do amor e confirma que somos semelhantes a ele. É na carona ao casal de idosos após o culto, é na visita ao irmão enfermo, é na hospedagem de um missionário, no tratamento com os empregados, no comportamento no trânsito engarrafado, no horário de almoço cedido para ouvir sobre o sofrimento de alguém e oferecer consolo. São estas pequenas atitudes que vão dar autoridade àquilo que pregamos.

Jesus Cristo marcou a vida de muitas pessoas ao deixar fluir por entre as frestas de sua humanidade a divindade do Pai. Ele instituiu seguidores a partir do momento que usou um padrão possível de ser seguido. Isto significa ser como Jesus. Provavelmente vamos ver efeitos muito mais positivos em nosso ministério quando acordarmos de manhã dispostos a viver um dia como Jesus de Nazaré e deixar ao encargo do Pai as palavras: “Este é meu filho amado. A ele ouvi”.