Pai e filho no ar

Fiquei admirado com o que ouvi da Comissária de bordo, naquele voo de Belo Horizonte para Vitória. Pela primeira vez, uma aeronave daquela companhia, estava sendo conduzida por pai e filho. Tratava-se do comandante Leo e seu filho Vítor.

A informação poderia parecer trivial, afinal, muitos filhos seguem a profissão dos pais. Mas a escolha daquele filho de pilotar um avião, e estar ao lado do “pai-comandante”, trouxe à minha mente algumas reflexões sobre essa importante relação, ultimamente tão conturbada. Fiquei pensando sobre confiança, exemplo, paciência, e outras jóias.

Quase todos os dias, ainda somos bombardeados com notícias de pais, que tratam seus filhos, como não se trata nem mesmo animais irracionais – e tudo isso por motivos tão banais! Que rima infeliz!

Ouvimos também de filhos que não se sentem filhos, mas donos dos seus pais e que muitas vezes, veem neles, obstáculos aos seus interesses mais escusos, removendo-os quando lhes é conveniente!

Quanta falta de amor!

Mas do chão dessa realidade tão tristonha, onde alguns pais e filhos não se entendem como tal, sou levado ao ar por 50 minutos, sob o comando competente de uma dupla, que, além de capacidade técnica, precisaria de confiança, apoio e conhecimentos mútuos. E não é exatamente isso que torna mais feliz uma relação entre pais e filhos?

Durante o voo, sentado na minha poltrona, fiquei imaginando os dois na cabine de comando. Piloto e co-piloto, seguindo o plano de voo. O comandante tomando decisões e os dois conversando. O pai orientando o filho e o filho seguindo as instruções do pai. O filho apoiando o pai e o pai confiando no filho. O diálogo, tão em falta em muitos lares, fez-se necessário!

Que tenhamos e sejamos pais, que sirvam de exemplo para os filhos, na carreira e no caráter! Que tenhamos e sejamos filhos, que sigam o exemplo dos pais! E que o diálogo esteja sempre presente nas nossas relações!

Sei que temos uma longa viagem pela frente.

Um bom voo para todos!