O mal do século

É impressionante o avanço da ciência na descoberta da cura para as mais diversas doenças que afligem o corpo humano. Poderíamos citar aqui tantas evoluções como o tratamento dos diversos tipos de câncer, AIDS e tantas outras doenças que tomariam todo o espaço desta coluna.

Entretanto, a ciência ainda está longe de curar o mal do século: a depressão e a ansiedade.

Por mais que haja avanços, cresce exponencialmente o número de pessoas que sofrem deste mal. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são 740 milhões de pessoas com depressão ou ansiedade no mundo, causa de um milhão de suicídios por ano.

Existem remédios capazes de combater os sintomas da depressão e da ansiedade. Um exemplo clássico é o Rivotril, anti-ansiolítico que teve mais de 2 toneladas vendidas no ano passado, perdendo em vendas apenas para os anticoncepcionais.

Tais medicamentos conseguem diminuir a ansiedade, proporcionando sensação de paz e tranquilidade. Apesar de atacar os sintomas, talvez o pior efeito seja tornar o paciente dependente do remédio, transformando o que era para ser uma cura em vício. É exatamente por isto que o Rivotril é de tarja preta.

Diante deste quadro quase apocalíptico, o que fazer?

A vida não é perfeita como uma propaganda de margarina. Somos confrontados, enganados, machucados, humilhados e traídos no decorrer de nossa existência. Isto é fato e ninguém vai conseguir se livrar disto, mas o que pode fazer toda a diferença em nossas vidas é a forma como lidamos com tais situações.

A depressão e a ansiedade são consequência, entre outras coisas, de uma alma agitada, que não sabe lidar corretamente com as dificuldades e frustrações da vida.

No entanto, há uma esperança. Uma forma realmente eficaz para obter cura: o perdão.

Diz o ditado que errar é humano e perdoar é divino. Quando perdoamos e somos perdoados, temos o que é divino dentro de nós. Quando não perdoamos, nos tornamos escravos e reféns de nossos próprios erros.

Existem situações que muitos de nós não queremos nem lembrar: abandono, traição, dor e decepção por conta de um relacionamento. Talvez venha agora à sua mente um fato do qual você gostaria de esquecer para sempre.

“Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé” é a síntese deste mundo pós-moderno em que o ego é o rei, onde a busca por segurança, prazer e poder cria escravos em um sistema em espiral descendente cujo único destino é o fundo do poço.

Todos nós somos capazes de sobreviver, mas se estivermos com o nosso coração aberto e receptivo para que Deus possa fazer-nos morada, poderemos ter vida em abundância. Como disse o filósofo Blaise Pascal certa vez: “Há um vazio infinito no homem que só pode ser preenchido pelo infinito de Deus”.

A falta de perdão escraviza, nos faz refém das situações. As atitudes do ofensor, ainda que não tenham a menor intenção de nos atingir, parecem ser de propósito e a ferida da falta de perdão, que já está inflamada, começa a sangrar e a purgar, trazendo sensação de opressão, cansaço e, por vezes, de que a vida não vale a pena. Parece que o coração está sendo apertado numa morsa.

Este estado de alteração emocional e mental repercute em nosso corpo, podendo causar diversas doenças físicas. A própria psicologia tem estudado tal questão, chamando-a de psicossomática. Alguns estudos chegam a associar o desenvolvimento de câncer ao sentimento de culpa.

Jesus disse em certa ocasião: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.”

O perdão é o remédio que pode tratar a alma adoecida e Jesus é único médico habilitado a limpar e curar, capaz de remover toda a infecção e pus gerado no coração, talvez por anos e anos de culpa ou mágoa.

Alguém pode dizer que já tentou perdoar, mas não conseguiu, ou então que ainda não sentiu o desejo de perdoar.

Penso que Jesus não estava com vontade de perdoar seus executores, estando Ele já preso na cruz, sangrando e sofrendo horrivelmente. Mesmo assim clamou a Deus que os perdoasse, e porque? Cristo compreendia a essência do perdão, que não é um sentimento e sim uma atitude a partir de uma firme decisão. Jesus perdoou porque quis, porque decidiu perdoar apesar de todo o seu sofrimento, e não porque sentiu vontade.

Da mesma forma, que possamos tomar a atitude de perdoar quem nos ofendeu, lesou, traiu ou abandonou e permanecer nesta decisão pelo resto de nossas vidas. Isto trará a paz que necessitamos para o nosso coração, o descanso merecido para a nossa alma e a saúde desejada para o nosso corpo.

Para finalizar proponho um desafio a você, caro leitor: quem precisa do seu perdão? De quem você precisa receber o perdão? Hoje pode ser a última chance, então vá e resolva esta situação: perdoe, peça perdão e livre-se disto. A dor de perdoar ou pedir perdão não é maior que a dor que você sente hoje. Já pensou se a morte chega e não dá tempo? Não há nada grande ou mal demais que não possa ser perdoado, pois Deus perdoou o imperdoável em nós.