Desamparado: A Parábola do Barco

“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Sl 22:1

Navegando pelo oceano da vida, sigo em meu pequeno barco rumo a um destino bem traçado por mim, onde a paz, a segurança e a prosperidade me aguardam.

As águas tranquilas fazem meu barco deslizar suavemente, enquanto uma brisa agradável me traz refrigério e conduz minha embarcação na direção que quero ir. No horizonte o sol, próximo ao seu ocaso, completa o cenário de forma majestosa. Olho para o céu agradecido, pois tudo vai bem, na mais perfeita harmonia.

Porém, logo o sol se põe e a noite chega acompanhada de fortes ventos e densas nuvens. Não vejo a lua e muito menos as estrelas. A beleza daquele dia foi ofuscada por aquela noite tenebrosa. As águas já não são mais tranqüilas. As ondas me sacodem de um lado para o outro e antes que perceba entro numa terrível tempestade.

Fico agitado, em meio ao mar revolto, buscando uma forma de sair daquela tormenta. Para meu desespero deixo minha bússola cair e afundar em águas profundas. Perco meu norte e já não sei mais para onde estou indo.

Diante do assombro do momento, ergo minha voz e ordeno que o mar se aquiete, porém sou surpreendido por uma onda que destroça parte da minha embarcação. Antes de receber outro golpe do mar, me levanto e tento andar sobre as águas. Para minha decepção e perplexidade, afundo como uma pedra.

Entro num debate desesperado contra as “ondas do mar da vida”. Será que um grande peixe virá me salvar? Minha mente se confunde com tantas perguntas sem respostas: Por quê hoje? Por quê desta forma? Por quê comigo? Minha fé parece ter colidido com um iceberg de dúvidas.

Fatigado pela violência do mar, me agarro num pequeno pedaço do barco e luto por minha sobrevivência. Em desespero ouço o grito da minha alma “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”, mas não ouço nenhuma voz, nem sinto ajuda alguma.

Creio que seja necessária uma boa “dose” de fé para que o vento e o mar me obedeçam, mas percebo que preciso de uma fé ainda mais extraordinária, para continuar confiando em Deus, mesmo quando Ele parece estar tão distante.

Sinto o vento e as ondas diminuírem sua fúria e percebo que nenhuma tempestade dura para sempre (Sl 30:5) e a minha não durará. Por mais que as ondas tenham chacoalhado minha fé, lanço a âncora da minha alma (Hb 6:19) na Rocha que é mais alta que eu (Sl 61:2) e continuo confiando no meu Senhor, ainda que não entenda o que Ele faz agora (Jo 13:7).

“Senhor, Tu me sondas e me conheces.” (Sl 139:1)

Alex Amorim