Sobre flores e espinhos

O assunto principal dessa reflexão são os contratempos e decepções que temos durante a vida. Esse é um assunto que tenho vontade de escrever a bastante tempo, mas não percebia a hora certa de abordar esse assunto. Hoje, enfim, acho que é a hora. Não estamos alheios às decepções da vida. Um dito popular diz que o mérito não está em não cair e sim, em saber se levantar. Acho que todos nós temos nossos momentos. Momentos de fraqueza, de angústia, de dor, sofrimento, tristeza e, em alguns casos, de depressão. Não vou aqui enfocar especificamente nenhum dos casos, tampouco explicitar os motivos. Acho que basta sabermos que as pessoas por serem diferentes, reagem de diferentes maneiras às mesmas situações. Vemos em nossa família, em nossa igreja, em nosso trabalho, faculdade, enfim, em todos os lugares as pessoas passarem por infortúnios diversos. Seja pela perda de uma pessoa próxima, do emprego, do vestibular, estamos sempre sujeitos aos problemas. Lendo o texto bíblico, no livro de Rute, que é um livro bem pequeno, porém, muito interessante. Mais até do que a história da própria, o livro conta a história de uma mulher chamada Noêmi. Noêmi era esposa de Elimeleque e tinha dois filhos com ele. Noêmi ficou viúva, seus filhos casaram-se com mulheres do país de Moabe. Passaram-se dez anos e os filhos de Noêmi também faleceram. Noêmi ficou desamparada de seu marido e de seus dois filhos, então, ela mandou suas noras voltarem para a casa de seus pais. Uma partiu, outra ficou. Esta que ficou se chamava Rute. Noêmi, após tantas perdas, acreditava que Deus a tinha castigado, dizia que a mão do Senhor havia pesado contra ela. Na volta para Belém, sua terra, as pessoas se perguntavam se aquela era Noêmi ao que ela respondeu: “Não me chameis Noêmi; chamai-me Mara, porque o Todo-poderoso me encheu de amargura.” (Rt 1:20). Noêmi, de tão amargurada, trocou até de nome. Creio que isso é um sinal de que ela não se parecia em nada com aquela que um dia saiu com seu marido de Belém em direção ao país de Moabe. Sim, a dor transforma. Não raros são os casos de pessoas que, após uma grande perda, se transformam completamente. Pessoas que perdem um emprego e vão para um ramo completamente diferente do ramo em que trabalhavam. Pessoas que, após se decepcionarem com um amor, desacreditam de todos os outros. Pessoas que vão para o rol dos “É tudo a mesma coisa” Essa história mostra uma mulher que era crente, que cria no Senhor, e nem por isso foi poupada das intempéries da vida. Até então, quem está lendo essa reflexão deve estar pensando o que tem a ver o título com o tema. O título dessa reflexão explicarei agora. Enquanto lia o livro de Rute, lembrei de uma coisa que aprendi lá atrás, provavelmente nas aulas de ciências ainda, que espinhos são flores mal formadas. No caso de Noêmi, foi uma flor que por pouco não virou um espinho. Quantos casos vemos de pessoas que lamentavelmente se transformam em Maras. Pessoas que se tornam amargas, frias. Pessoas que desaprendem a sorrir. Ao final do texto, Noêmi faz com que Rute case-se com Boaz, um homem rico. E Rute não abandona sua sogra. Deus também se mostrou fiel na vida de Noêmi e Rute teve um filho chamado Obede, que foi pai de Jessé, pai de Davi. Deus honrou Noêmi e honrou Rute também. A história de Rute termina aqui. Mas, e a sua? Como está? Esta história nos mostra quão justo e bom é Deus, que nos é fiel. Não sei se você hoje é Mara, também não questiono os motivos, somente exponho esta história para que sabia que Deus é conosco em todos os momentos. Somente para concluir, deixo um versículo que me tocou e mudou a minha vida: “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.” (Is 41:10).