Jesus na Sapucaí e o preconceito

Um homem preconceituoso perguntou: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?

Disse isto a um amigo que dizia, falando sobre Jesus, ter encontrado aquele de quem Moisés e os profetas tinham escrito. O nome deste homem é Natanael e, seu amigo, Filipe. Os dois foram até Jesus e Ele disse que já o conhecia, que tinha visto Natanael debaixo da figueira. Tal revelação – um segredo entre os dois – foi poderosa, suficiente para Natanael dizer: Tu és o Filho de Deus, o Rei de Israel! Esta narração está no capítulo 1 do Evangelho de João.

Há uma discussão tomando conta dos “cristãos e da cristandade”. Jesus estava no desfile da Mangueira? Interessante que aqueles que dizem: Sim, Ele estava! Tendem a dizer que Damares Alves, Ministra da Família, da Mulher e dos Direitos Humanos que também é pastora, “viajou” ao relatar uma experiência pessoal, onde insiste que viu Jesus em cima da Goiabeira.

Estou juntando todas estas histórias motivado por algo que li esta manhã. Acabei encontrando uma conexão entre Figueira, Mangueira e Goiabeira. Parece que não tem nada a ver, não é mesmo?

Osmar Ludovico escreveu algo interessante:

“Alguns encontram Jesus na goiabeira, outros na mangueira. É como o vento que sopra onde quer, não sabemos de onde vem e nem para onde vai. Passeia entre nós livremente e ninguém tem o controle sobre como e onde ele se revela aos pecadores maltrapilhos”.

Fico impressionado com os que lutam para colocar Jesus em uma “caixa”. Neste caso, Jesus se expressa somente dentro daquele sistema teológico que foi abraçado e ponto final. Ele não está se expressando de qualquer outra forma e em nenhum outro lugar. Aliás, é tanta dureza na forma de se expressar que revela pouco conhecimento de quem é Jesus. Li comentários onde o autor parece estar proibindo Jesus de se apresentar de outra forma que não aquela esperada dentro da “coerência teológica”. Lamentável!

Há muita gente pensando assim, preconceituosos como Natanael. Considere que há diferentes formas de preconceito. Preconceito contra cristãos e evangélicos (sei, você esta tentado a comentar aqui dizendo que não – Passa uns dias comigo, vem e vê!), contra negros e pobres, contra mulheres e LGBTQ’s, contra arte e artistas, etc. Há dois modelos de preconceito nos casos acima. Uns acham que Jesus não estava representado (“de forma alguma!!!” como li nesses dias…) através das diferentes expressões de arte que usou a Estação Primeira de Mangueira em seu desfile na Sapucaí. Outro grupo formado pelos que não aceitam o relato de uma experiência pessoal (bem diferente, é verdade) que teve nossa ministra.

Para todos nós fica a provocante pergunta preconceituosa de Natanael, de quem ainda não tinha encontrado Jesus Cristo. Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Ou, para hoje: Pode vir alguma coisa boa da Sapucaí? Ou ainda: Pode vir algo de bom da ministra Damares Alves?