Qual é o futuro da igreja?

Queria propor um exercício de futurologia: como você enxerga os próximos 30 anos da igreja evangélica brasileira? Quais forças florescerão e quais desaparecerão em 2050?

É claro que todo exercício de futurologia é conversa barata. Não tem como falar do futuro com propriedade científica de dados e números. Mas com essa pergunta, eu quero ver como vocês enxergam o presente! O contexto que vai parir as tendências do futuro é agora, o presente.

Além disso, a história da igreja pode também servir de laboratório das diferentes interações que a igreja manteve com a cultura ao seu redor — como ensina Mark Noll.

Eu tendo a enxergar o futuro com mais catolicidade, isto não porque aprenderemos a conviver com os diferentes, mas porque precisaremos unir forças para sobreviver. Hoje nós desdenhamos da comunhão com os diferentes porque somos prósperos, tudo que fazemos é grande, não sofremos de falta de atenção das pessoas. Mas em trinta anos isso tende a mudar — como a história da Europa e dos EUA ensinaram.

Essa mudança vai também refletir menos no denominacionalismo e mais na tradição ecumênica da igreja (primeiros conflitos, credos e confissões reformadas). Fará pouco sentido para as pessoas dizermos que somos batistas regulares ou presbiterianos renovados. Vai ser determinante, no entanto, dizer que somos cristãos ortodoxos que subscrevem os dois testamentos, os três primeiros concílios, a inerrância dos quatro evangelhos e os cinco solas da reforma.

Também acho que o rosto da teologia reformada vai mudar. A face dos teólogos será menos europeia (homens brancos loiros) e mais asiática e africana. Temos grandes investimentos hoje em seminários teológicos na Coréia do Sul e em países da África, como com a Igreja Presbiteriana da Angola.

Lembre-se, futurologia é um exercício inglório. Não tome nada como verdades baseadas em dados. São apenas tendências que observamos.