Queria humildemente te fazer um convite para esse ano. Trata-se de um exercício de disciplina espiritual. Te incentivar a aprofundar-se teologicamante de forma desproporcional à sua interação com temas e autores não cristãos.

Por favor, não me entenda mal! Não quero que você entre em uma bolha religiosa e deixe de ler, ouvir e interagir com aprendizados não cristãos. Eu seria hipócrita em lhe pedir isso, pois eu estou o tempo todo lendo, consultado e utilizando todo tipo de conhecimento advindo de fora da teologia para construir minhas aulas, sermões e textos. Não estou propondo um isolamento cultural ou uma separação de sagrado e secular.

O convite é para uma dedicação assimétrica — por isso o “desproporcional” — a uma forma genuinamente confessional de lidar com os temas do dia a dia que mais te afetam. Para cada livro, palestra, vídeo ou podcast não cristão que você tiver acesso, que tal você, intencionalmente, ler e ouvir o dobro ou o triplo de fontes cristãs tratando do mesmo tema?

Esse é um convite para você levar sua fé cristã em 2021 bem mais a sério do que você provavelmente tem feito em toda sua vida de “convertido”. Digo isso porque tenho visto na minha experiência pastoral e docente uma igreja evangélica muito mais moldada em suas ênfases e posturas sobre questões polêmicas pelos intelectuais e influencers não cristãos do que pela IMENSA tradição teológica da cristandade.

Eu não sei quando, mas alguém fez os membros das nossas igrejas acreditarem que basta ir de vez em quando em um culto para ser um bom discípulo de Jesus — e que a maneira de honrar a Cristo em nossos tratamentos de temas delicados e importantes para o nosso testemunho público é só aquela que acrescenta amor e misericórdia em formato sentimentalista.

O preço da nossa salvação já foi pago e nós nunca conseguiríamos arcar com ele. Mas a santificação – o esforço de viver um existência TOTALMENTE dedicada à honra de Jesus – não será alcançada com esforços mínimos nas disciplinas espirituais e doses cavalares de humanismo secular todos os dias em nossos exercícios intelectuais.